Algumas Confissões de um Escritor - Parte - 1: Inspirações Noturnas
A noite é a minha companheira. É nela que eu recebo as inspirações criativas para a minha produção literária. É mergulhado na escuridão que eu sou iluminado, é na penumbra que sou acometido pelas luzes da intelectualidade. Elas surgem do nada como um estalo, sem razão alguma. Obrigam-me a transparecê-las por meio das palavras, parecem desesperadas por alguém que queira ser suas proprietárias. Que seja ser suas tutoras. Semelhantes às crianças orfãs que almejam pais adotivos para lhe darem alimento, vestimentas, educação e muito amor.
Da janela do meu apartamento, eu contemplo o mundo noturno: as luzes das ruas, dos bares, das residências e dos faróis dos veículos desesperados para chegarem aos seus destinos. Todas essa luzes são as únicas que restaram para o ser humano do séc. XXI. Século da desesperança, da angústia, onde o mundo esta tão doente que foi internado na UTI, e sei que daí não sairá mais.
É nesse cenário que eu surgi como escritor, no cenário da desolação. Sei que sou tão impotente como todos os outros intelectuais, os quais anseiam desesperados para sairem do buraco, da vala comum da humanidade. Contudo, quero levar para minha velhice a consciência tranquila de que a minha parte eu fiz. E por conseguinte, no meu último suspiro, puder rir desse mundo que tanto faz entristecer.