Preparativos para o Natal

Algumas semanas antes do Natal começávamos a nos alvoroçar escrevendo cartas ao Papai Noel, pedindo mundos e fundos. Cada um fazia a lista que lhe convinha e depois íamos mostrar a papai e mamãe. Eles sempre achavam os pedidos exagerados e aproveitavam para dizer que se nos comportássemos bem, talvez “ele” trouxesse um ou dois daqueles presentes. Prometíamos fazer tudo certinho, é claro, e ficávamos na expectativa. Se tudo corresse bem, quem sabe mais coisas não apareceriam?...

Um pinheirinho era colocado no canto da sala. Gostávamos de ajudar a enfeitá-lo com bolas coloridas, anjinhos que pareciam voar e tiras de algodão para imitar a neve. Era preciso ter cuidado com as bolas, quebravam-se com qualquer batidinha, e aí então alguém chorava com sangue a escorrer da mãozinha. Mas logo nos púnhamos a rir, pensando nos embrulhos enfeitados que misteriosamente ali surgiriam durante a noite de 24 para 25 de dezembro...

Armávamos também um modesto presépio, com Jesus num bercinho de palha ao centro. Atrás dele, a Virgem Maria e São José. De um lado enfileiravam-se os três Reis Magos e do outro, pastorzinhos carregando cajados, crianças cantando e vaquinhas e carneirinhos em miniatura adoravam o Menino.

Enquanto abríamos caixas e desembrulhávamos essas imagens, mamãe não parava de explicar que o presépio servia para lembrar a situação em que Jesus tinha vindo ao mundo. Sua mãe, a Virgem Maria, teve o filho numa manjedoura e isto aconteceu assim para mostrar que todos nós devemos ser simples e humildes. E, ao final, acrescentava: ganhar presentes nesse dia é muito bom, mas não podemos nos esquecer de que o objetivo da festa é outro. A principal comemoração é o aniversário de Jesus.