AH! O HUMOR

Que coisa linda e meiga é o humor. Quantas verdades são ditas sob esse título brejeiro. Podemos esquecer o politicamente correto, podemos até disfarçar os laivos do racismo inculcado nesta sociedade hipócrita e decadente. Podemos gozar nossas lindas loiras, nossos amigos "bem criados" e "educados", de boa criação chamando-os de bichonas, tias véias, franchonas, e outras carícias menos relevantes. Podemos ainda criticar os que não pensam como nós. São chifrudos, cornos, sapatões, idiotas, alentejanos, alfacinhas, negros, baianos, nordestinos, japoneses de minúsculos bráulios, alemães de fala enrolada, e "otras cositas más". São gaúchos, catarinas, duplas sertanejas goianenses, argentinos, judeus, ingleses, somalís, entre todos os outros povos. Não pretendemos criar uma guerra entre os povos. Todos tendemos a chamar a atenção de comportamentos tão nossos e tão criticáveis. Nossos irmãos no mundo também têm seus alvos. O ilhéu sacaneia o açoriano, que molesta o angolano, que goza o alentejano. O napolitano brinca com o sardenho, que revida contra o egípcio, que conta causos de judeu, que irrita o árabe, que joga sapato no americano, que vota no BABACK, que elogia o Lulla-lá. Só que todos nós nos ferramos enquanto os donos do dinheiro fraudam as bolsas e os bolsos do mundo, fabricando armas e traficando drogas, enquanto a massa acompanha o futebol e crê que o destino do mundo está no consumo e aporte de verbas para as montadoras de automóveis. Por menos que isso Sodoma e Gomorra foram riscadas do mapa da antiguidade. Minorias étnicas, homossexuais, indígenas, criminosos organizados, famélicos por imposição de um capitalismo selvagem, e outras, entre elas os idosos do mundo, acham que ainda há salvação. Só se for no além.