Dias de passos lentos sem podermos almejar um alento

Outro dia andando pelas ruas enegrecidas pelo asfalto desbotado me deparei com alguns mendigos e não é que fui parlamentar com eles. Foi uma experiência nova, pois me vi diante de um mundo que eu não conhecia álias, eu já não me reconhecia ali no meio deles, não porque eu tenha alguma aversão ao marginalizados, mas é que verdadeiramente eu não me conhecia.

Na verdade estava buscando me encontrar naqueles rostos marcados pela miséria é cada um deles tinham o que dizer pra mim, estórias incríveis pelas quais eu não fazia a menor idéia que pudessem brotar daquelas mentes esquecidas pelos homens.

Quão foi verdadeiro o depoimento de um deles de cabelos reastafari, que resolveu sair de casa porque não suportava a mesmice de acordar de manhã lavar o rosto e pergunta para o espelho “quem é você, cara? Você é muito esquisito!” relatou também que não suportava os dias, as horas e os minutos pelos quais parecia uma eternidade cíclica de um dia após o outro e ele naquela mesma labuta, acordar trabalhar, comprar, comer, defecar.... Os dias são os mesmos “cada dia eu levo um tiro que sai pela culatra eu não ministro, eu não sou magnata, eu sou do povo, eu sou um Zé ninguém? Aqui embaixo as leis são diferentes?

Depois de cantar esse trecho da música ele falou: aqui embaixo as leis realmente são diferentes, tomou mais um gole de pinga, limpou os beiços, e terminou dizendo meio cabaleando, mas prefiro essa droga de que viver submisso pelo tempo, pelo vento, pelo dinheiro, pela aurora do dia, pelas estrelas da noite, vida mórbida e sem caminho, “giribita, giribota, feita da cana torta bate no estambo e não volta”, tomou o último gole da branquinha e tombou seu corpo torto quase morto para o lado direito da sarjeta, desfaleceu.

Segui meu caminho, as estrelas no crepúsculo salpicavam o céu que transparecia um lilás de tão rara beleza que exalava vida, por fim pensei, será que ainda há esperança no homem cansado de guerras e da humilhante luta consigo mesmo? Será......

duende
Enviado por duende em 22/12/2008
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