Minha carniça
Mas a pressa que essa calma veio a me atingir que hoje eu canso de tanta calma, de tanto nada pra fazer. A calma veio às pressas e eu afoito a esperá-la. Digo que preferia os tempos de guerra porque assim via cruzar o sol no dia e a noite tinha o porquê descansar.
O tempo me arrebata chicoteando as minhas costas segundo a segundo com seus ponterinhos fininhos como os dedos da morte, como os galhos de uma arvore seca, como as letras escritas num obituário. Cabe a mim nessas tarde longuíssimas escrever um pouco sobre o que mais me afligi e procurar briga com os relógios, como fazem os cachorros pela rua:
-Essa é minha carniça! - puxo eu por um lado de minha vida
-Essa carniça é minha! - rebate o tempo pelo lado oposto.