O MAIOR PRESENTE DE NATAL


Hoje é sábado de manhã e ainda estou de ressaca, apesar de não ter bebido, acordei cedo (coisa rara num sábado) e fiquei lembrando dos acontecimentos de sexta-feira a noite, e tenho certeza de que meu combalido coração aumentou significativamente suas batidas, além de ter sujado de sangue a camiseta que ganhei do Marcos Vinicius, numa faca nova (tb.presente dele) que vai me forçar a comprar uma picanha de pelo menos 1,800 kg, pra inaugurá-la, de tão bonita que é, e depois conto pra vocês se ela é tão boa quanto bonita.

E viajei, igual ao Bob (lembra dele, aquele do desenho animado) e passou pela minha cabeça ano de 2008 inteiro, quase que cada momento dele, suas lutas, dificuldades, derrotas, empates e vitórias conquistadas a cada dia, e aquele tradicional balanço de fim de ano, aconteceu, e pra vocês, só pra vocês, aqui vai.

Começo ainda em 2007, dezembro, amigo secreto aqui em casa, havia pedido pro meu amigo uma sandália franciscana (dois números maior) pois estava tão inchado, que o número normal não servia mais, nesta época, estava no auge dos efeitos negativos de um crise renal que já durava pelo menos 2 ou 3 anos, havia ganho algo em torno de 25 quilos, minha respiração era curta e a locomoção totalmente nula, seguia as instruções dos médicos e religiosamente tomava as medicações, entretanto, a cada dia a situação piorava.

Passou o Natal, o ano novo, e Janeiro caminhava no mesmo marasmo, quando lá pelo dia 25 tive uma crise de Neuropatia, perdi os movimentos e a princípio pensou-se em um AVC, (devo confessar que nesta hora tremi na base), mas graças a Deus, o diagnóstico foi outro, AVC ficou totalmente descartado, mas a respiração não normalizava, a pressão subiu a extratosfera, enfim, a coisa realmente ficou feia, muito feia, a ponto de chamar o pessoal e dar instruções de como proceder(no meu velório quero uma banda de Rock gospel, fazendo muita, mas muita festa, afinal estarei com o Senhor) em varias situações, pois realmente acreditei que o Senhor Jesus ia me levar naqueles dias, ou como digo brincando algumas vezes, ia comer grama pela raiz, fazer uma dieta hiper radical..

Internado, via os dias passarem e sem perspectivas de melhoras, pois eu via meu quadro agravar, pedia aos médicos que inciasse a diálise (neste momento atingi o peso de 107 quilos), mas os exames insistiam em mostrar o contrário, e eu sentindo a cada momento que meu cordão de prata ia se romper, foram assim pelo menos 5 dias, mas pareceram uma eternidade, alíás, cada dia uma eternidade, até que um dia, passou pelo hospital um anjo, daqueles que a Bíblia descreve, (...muitos sem saber hospedam anjos....) e examinando meu quadro, solicitou que inciasse a diálise imediatamente, apesar de o imediatamente só começar 5 dias depois, fui autorizado a iniciar o procedimento, mas só poderia sair do hospital, depois de conseguir onde continuar a dialisar de forma continua, mais uma vez, a mão de Deus se fez presente, pois quando médico me disse isso, pedi a ele que solicitasse vaga na clinica onde meu filho caçula trabalha, pois a mesma pertence ao Hospital do Rim, não sabia dos trâmites pra se conseguir vaga, mas sabia que Deus move o coração do Rei e a gerente da clínica ao saber da situação, pediu e conseguiu a vaga, e assim, poucos dias depois da primeira diálise (uns 10 dias mais ou menos) tive alta numa segunda-feira e iniciei o processo na clínica, onde permaneço até hoje.
Mas não pense que a coisa termina aí, pouco tempo depois, internei-me no hospital Beneficencia Portuguesa a fim de pesquisa pra transplante de Rim, era pra ser uma internação de uma semana, somente pra exames preliminares, quando no dia da alta, com o resultado do último exame nas mãos, as médicas responsáveis pelo meu caso, entraram no quarto e me deram a notícia que eu teria de fazer uma ponte de safena, pois a artéria estava com entupimento de mais de 80% e isso colocaria em risco um transplante, era assim, ou operava o coração ou não havia mais a possibilidade de transplante do Rim.
Adivinha, isso..... fiz a operação. E aquela semana transformou-se em mais de um mês de internação, mas de coração novo (ou pelo menos recauchutado) voltei aquilo que seria a minha rotina a partir de então, três vezes por semana na máquina de diálise, tome luta, correria, adaptação, mas acima de tudo algo que quase havia sumido (TOME VIDA, ESPERANÇA, RESTAURAÇÃO DAQUILO QUE SE APRESENTAVA COMO MORTE).

Mas o ano ainda estava na metade. Fiz alguns cálculos e vi que em 180 dias do ano, havia passado quase 150 internados, mas vi também que eram passado e pela frente havia uma vida inteira a ser vivida, pude voltara trabalhar, embora com bastante dificuldade e num ritmo muito diferente de outrora, mas já estava me sentindo produtivo de novo, devagar as coisas estavam entrando nos eixos, até que no dia 13 ou 14 de novembro, quem eu encontro no meu orkut (um picolé pra quem adivinhar....). Muito bem você acertou: a MARGARETH. Quem mais, perguntando se eu era eu mesmo, respondi que sim, eu era eu mesmo, nem mais nem menos, o KIKI de 1972, e ela me convidou pra ir na casa de ME no dia 16 de Novembro pra encontrar aquele pessoal da época do ginásio. Cara, devo dizer que quase pirei, 36 anos depois encontrar aquele povo todo, foi muito louco. O Chiquinho, o Licio, o Ivan, as Solange(Vanucci e Rissatti) a Margareth, a Xexéu e por aí vai.....  Ainda bem que eu havia reformado o coração, caso contrário, não agüentava mesmo, ver aquelas carinhas todas, hoje homens e mulheres de sucesso e com famílias formadas foi a chave de ouro pra um ano que começou no vale da sombra da morte, e sem contar que quase sentei no colo do papai Noel (mas aquele saco vermelho não deixou....ainda bem) posso dizer agora, 2008 foi o primeiro ano do resto da minha vida e vocês, foram O MAIOR PRESENTE DE NATAL QUE JÁ EXISTIU.
MUITO OBRIGADO E ATÉ O PRÓXIMO ENCONTRO..........
Kidgospel
Enviado por Kidgospel em 20/12/2008
Reeditado em 25/02/2012
Código do texto: T1345577
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