O VERBO MATAR

O VERBO MATAR

O verbo matar tornou-se o mais popular dos verbos, em todos os tempos, ação, modos e pessoas nesta amada terra brasileira, que "seu" Cabral, por um acaso, descobriu para ser explorada pelos nossos “irmãozinhs” portugueses. Eu mato, tu matas, ele mata, nós matamos, vós matais e eles matam. Os bandidos matam nas ruas, nos cruzamentos, nos Bancos, nos supermercados; seqüestram, exigem altas cifras (preferem dólares) pelo resgate de suas vítimas. Assim, na maioria das vezes, matam impiedosamente, sem qualquer escrúpulo, friamente, como se mata um rato ou uma barata. Para eles, é indiferente. E continuam matando - no tráfico de drogas - nos morros, nas favelas, nos cortiços, nas palafitas. Seja lá onde for. A conjugação do verbo matar tornou-se uma constante.

E o nosso Código Penal elaborado, a meu ver, aos moldes de códigos que norteiam a justiça por esses terceiros mundos por aí afora, favorece à marginalidade, que se aproveita do absurdo dos seus artigos e parágrafos, para deitar e rolar nas barbas da Justiça, que não é cega, é estrábica. Talvez unioculada. As regalias ao menor infrator, abaixo dos 18 anos, para o livre exercício dos seus crimes, afrontam a dignidade humana. Esse (menor) é intocável, por mais bárbaros que sejam os delitos praticados. A ele não cabem penas mais justas. É um adolescente, coitadinho, transviado, digno de pena, que precisa de ajuda de psicólogos, de psicanalistas (quem sabe?) para voltar ao seio da sociedade, consideraram os nossos “sábios” legisladores. Não se pode negar esse direito ao menor delinqüente, afirmaram e confirmaram na Constituição (bem constituída?). Nem o seu rosto nem o seu nome podem ser expostos à execração pública, ex-lege. E os nossos legisladores - eminentes, sapientes e tantas honrarias mais - desconhecem a periculosidade desse criminoso-mirim, apenando-o, simplesmente, com internações em casas de correção, onde deveria permanecer por três anos, tempo suficiente para aprimorar-se (muitos) na conjugação do verbo matar. E veja, meu leitor, atente para isso, se ao primeiro delito somar mais um, dois, três, ou "n" vezes, a pena continua a mesma: três (3) aninhos "solamente". Não é uma gozação com a sociedade?

Outra aberração é a pena máxima de 30 anos para o homicídio doloso. É ridícula. Aliás, até não seria se, realmente, a condenação fosse cumprida, in totum, em cárcere privado, sem qualquer condescendência, sem qualquer regalia. Nenhuma tolerância seria justa ao indivíduo que tenha praticado o estupro seguido de morte, por exemplo. Mas, o "bom comportamento" ameniza a pena; toca à sensibilidade de "notáveis" juízes. Ainda há, entre outras benevolências, o famigerado "Indulto de Natal", para perpetuar a decisão do imperador Pedro II.

O verbo matar está na moda.Tão cedo deixará as passarelas brasileiras do crime comum ou organizado pelo PCC e outras “instituições”. Que se dane a tranqüilidade da sociedade! O Código Penal (o nosso) foi "inventado" para isso mesmo. Nós, que somos de paz, merecemos morrer. O nosso direito, como pessoas de paz, é assistir à conjugação do verbo matar: “eu mato, tu matas, ele mata, nós matamos, vós matais, ele mata. A vida somente é merecida, por justiça, é bom frisar, aos marginais. A liberdade de ir e vir é deles. As prisões-residências foram feitas para nós. As nossas moradas não estão engradadas? Ou não? Somos, sim, os legítimos prisioneiros.

Enfim, vivas à liberdade dos bandidos! Eles merecem! Eles merecem!

- Vamos conjugar o verbo matar, gente? Eu mato, tu matas, ele mata, nós matamos, vós matais, eles matam. E como matam...

Pablo Calvo
Enviado por Pablo Calvo em 19/12/2008
Código do texto: T1343359
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