DA DENGUE AO LIXO REPELENTE...

Gosto muito de andar pelas ruas, pois ao mesmo tempo que nos exercitamos, entramos em contato com o cenário.

Hoje um cenário diferente, deveras, muito longe da tranquilidade e da beleza dos tempos não tão remotos assim.

E dia desses,andando pela minha rua, um pedaço pequeno de asfalto,cujo entorno ainda é verde, me deparei com algo lastimável: Um lixo pontual a céu aberto, garrafas pets ao meio fio, um saco de supermercado lotado de lixo e amarrado com nós mal feitos, todos próximos a um bueiro quase entupido por folhas.

Então, tive uma atitude policial: Resolvi descobrir quem fizera aquela desova aos mosquitos da Dengue. Não bastaria apenas retirar o lixo, que poderia ser retirado por qualquer mãos.Pensei em fazer o serviço.

Antes, conversei com o zelador do edifício em frente, tentei sensibilizá-lo para o fato de que a doença está aí, às nossas portas, pedi para que alertasse o síndico, investiguei discretamente a lixeira do ponto de táxi, comportadamente utilizada pelos taxistas, deixei meu telefone caso o síndico do edifício (teoricamente o mais interessado, pois o lixo estava na sua porta) para que pudéssemos providenciar a limpeza e a FISCALIZAÇÃO urbanas junto à prefeitura.

Estamos em plena campanha para a dengue, por aqui.Ao menos é o que dizem.

Nada adiantou.O lixo ontem cedo ainda estava lá, a postos para os ratos e mosquitos.

Mas vejam que incrível:

Passando pelo profissional que varria o meio fio um pouco aquém da calçada, achei que a solução estaria ali, bastaria alertar. Falei-lhe do problema.

Ouvi a sua explicação, com as seguintes palavras:

-Dona, o lixo está fora do meu caminho de limpeza. Limpo apenas "o meio fio". E só. Esse é outro serviço! Se for pego limpando aquele lixo, sou mandado embora do emprego, dona. Isto custa, dona.

Mas... se a senhora quiser,vou falar com o meu supervisor, para ver se ele consegue que a prefeitura pague também pela limpeza da calçada.

Parei para analisar se de fato, eu estava lhe pedindo muito, e se sua explicação era pertinente.Até poderia ser, não entendo da logística de cob ança da limpeza urbana.

Entendo de coletividade e de cidadania.

Agradeci e continuei minha caminhada.Um pouco mais adiante eu o vi limpando um container enorme, com lixo pesado de entulhos, em busca de latinhas de alumínio.

Entendi que "talvez" eu estivesse sendo subornada...se eu quisesse,ora!, eu que pagasse pelo serviço.

Justo, (?) nem relógio trabalha de graça. Mas ainda aquele cidadão não entende que todos já pagamos pelos serviços da coletividade, inclusive ele.

E que poderemos pagar com a saúde, o que é mutio grave. E assim caminhamos.

Deixo o acontecido para a vã filosofia das reflexões, do quanto às vezes nos sentimos sozinhos nas lutas pelo essencial, que deveria ser do interesse de todos.

O lixo continua lá. E eu continuo aqui, chovendo no molhado.