Alegria Espontânea diária
Ela tem um sorriso gratuito lindo e cativante.
Não desses de passarela, nem dos bem estudados de telenovela, menos ainda do teatro ou do cinema.
É um sorriso único o dela, de uma mulher que te dá bom dia e sentes que é mesmo o que deseja de coração.
De uma mulher que te aperta a mão, te alcança o troco de moedinhas do jornal diário que vende no ponto de ônibus da igreja de São Jorge, no Partenom.
É uma senhora transmutada em menina, serelepe, correndo para alcançar as janelas altas dos próximos carros, que fazem fila, e alguns motoristas cordiais esperam até que dê o troco. Que alcance o jornal aos passageiros.
E não percebi até hoje, já a alguns anos da diária repetição do fato, alguém se incomodar com as circunstâncias do que nos ocorre.
Do que ela faz.
Só felicidade, mesmo no dia frio, mesmo na ventania, mesmo no prenúncio, já manhã cedo, de um calor que será sufocante.
Ela sorri e desfaz por dom todas as amarguras que possam estar naquela viagem ou naquele ponto de espera. O sorriso e a alegria dela nos acompanham o restante da viagem.
Tornam-se assunto das conversas, de moços até, e de jovens senhoras outras e mesmo de velhos já calejados. Comentário e exemplo para os de dentro e os de fora. Assim verdadeira, penso que se deva chamar Alegria Espontânea essa senhora.