Uma cantada
Ontem recebi um telefonema. Alex. Falamos de poesia, trabalho e Amor... Não precisamente nessa ordem. Aqui e ali as idéias se truncaram. Amo meu trabalho e você? Ah! Trabalho de escritório é muito rotineiro. Já professor! Bem... Bem! Entre “ais” e “uis” adoro minha profissão.
Prazerosa, ouvi-o falar de si, deixando-me ir em esparsas palavras, transformando-as em caloroso olhar.
Havia um homem sereno em algum lugar entre o cá e o acolá. Simples janela a si amar. Escancarada de par em par. Ressuscitando coisas em mim. Acendendo a vela diante da vida. Amor. Girando meus olhos ao encontro de uma poesia.
O que me fazia suspirar de deleite numa saudade desse amor a vários quilômetros de distância de mim? É como se me pedisse para diminuir a luz ao estar sem ele. Ouvi-lo em versos e beijar-lhe os lábios trigueiros era meu alento. E gosto tanto de meu Nêgo...
As palavras cantavam roucamente. A chama de meu amor crepitando, suave e terna: meus olhos não sabiam escurecer a ele.
Mas ao homem ao celular, sim. Um sorriso triste do outro lado da linha...
... E como o adora tanto, menina? Deixa eu te amar? ...
Hum... Dorme de olhos abertos em mim o cheiro da pele amada. Sorri-me os carinhos embaixo dos lençóis- E ponho os lábios a beijá-lo rompendo o espaço geográfico dos corpos. Fico arrepiando mesmo na ausência dele- E digo-lhe: “Eu te adoro, meu Nêgo!”
Então ao ouvido percebo um suspiro e entrega de quem se sabe uma gota de orvalho evaporando ao sol matinal.
Ouvi o som distante... A ligação fora encerrada.