É dezembro e a manhã é quente aqui no meu cantinho ao sul do Equador. A proximidade do Natal, data máxima do cristianismo, altera a rotina e provoca sentimentos diversos.

Algumas pessoas não sentem vontade de comemorar o Natal  e por motivos reais tornam-se mais tristes; outras são avessas à data e nem mesmo sabem a razão.

Realmente inúmeros acontecimentos podem justificar a melancolia e a falta de esperança que são acentuadas nas festas de fim de ano.

Há fome, há guerras, há doenças, há perdas pessoais, há desiguldades sociais e há, ainda, uma crise mundial que já se mostra entre nós. 

Com ou sem razão aparente a depresão, a solidão e o pessimismo tomam conta de algumas pessoas no período natalino. Os fantasmas povoam a mente e o coração de parte da população tal como ocorre em Um Conto de Natal, de Charles  Dickens.

Quem nunca se sentiu aflito como Ebenezer Scrooge ao lidar com seus fantasmas pessoais no fim de  ano?

Porém, há os que comemoram com alegria o Natal. Esses compram lembrancinhas  com antecedência, armam as árvores, enfeitam a casa e preparam a ceia com o que dispõem na despensa.

Particularmente não lido bem com a ansiedade, o estress, as lojas cheias e a preocupação com as contas a pagar depois da festa. A obrigação de ser feliz também me oprime.

Contudo , sem que eu espere, o espírito do natal chega e o deixo entrar. Não sei precisar o que me acorda para viver a esperança e a vontade de fazer alguém, além de mim, feliz, mas sei  o que ocorre comigo a partir desse momento.

É verdadeira a vontade de abraçar, de perdoar, de me despedir das assombrações e de doar.

É real a vontade de ajudar dentro das minhas limitações. O milagre do natal acontece assim em mim e por isso estendo a mão naturalmente aos que comemoram o nascimento de Cristo. 

Fujo da pretensão de salvar o mundo e me atenho aos que posso oferecer um natal melhor. Evito as listas e sigo espontaneamente minhas intenções.

A vontade é de falar e de presentear a todos que fazem parte de minha vida e até dos  que não fazem, mas  que precisam de conforto material ou espiritual.

Diante da impossibilidade, refuto a culpa e realizo o que posso. O que me é possível fazer agora, nessa manhã de dezebro, é desejar que o milagre do Natal chegue a todos.

Se a alegria,  a solidariedade e a esperança baterem em sua porta, expulse os fantasmas e os receba. Dê uma trégua ao seu coração e seja um bom anfitrião para as novas companhias.




Imagem: Forte dos Reis Magos, Natal (RN).
Evelyne Furtado, 18 de dezebro de 2008.




Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 18/12/2008
Reeditado em 20/12/2009
Código do texto: T1342058