Entregue-se a felicidade.
Tarda, mas não falha. As ansiedades previstas aos planos que se fazem nesta vida geram ritmos acelerados ao coração. Os sentimentos se edificam, aglomeram-se e deixam que a carência ultrapasse a fala. Não precisa mais ser dito, as atitudes já mostram as lacunas.
O mundo precisa de atenção. Não judie da displicência que pede socorro para todos os passos que são dados. A insegurança costuma dar ouvidos ao que não é importante. A segurança torna-se inaudível, deturpada, vaga pelos quatro cantos e volta ao mesmo lugar. Um lugar profundo e vazio.
A apatia de alguns momentos dirá da imperfeição, da instabilidade resultante do “tudo” que não se vê completo. Porque o ser humano é assim, quanto mais, melhor. Não se sabe mais o limite da realização.
E que definição o “tudo” poderia ter? Além mar, além ego, além das realizações completas que não se ponderam na sua estabilidade? E nesse ínterim coloca-se a felicidade. Pobre dela, tão simples, fora colocada sobre conotações tão fortes. Sufocada, ela pede pra sair, mas se vê contida no marasmo das palavras de negação.
Feliz. A repetição da palavra ecoa e é mesmo intrigante. Ser feliz é muito mais do que as expressões contidas nos personagens de “Happy End”. Mas não tem como defini-la ao certo, nada pude decorar, é complexo e sensitivo demais para por no jogo das palavras. Salvo, é lógico, perceptível em demasia.
Os poetas fazem com propriedade essa sensação. As poesias servem para isso, transpassam o estado da alma e traduzem a claridade da felicidade. Sim, porque ela é tão clara, tão leve, que às vezes não se consegue enxergar, nem levar consigo.
As fadigas são presunçosas, geram desanimo, má-fé, decompõe os seus afetos tão bem estruturados, causam dicotomia e faz com que não se reconheça mais. Cansado, o espelho da alma reflete um EU desesperado, pedindo por leveza, piedade. A força do âmago torna-se mais nítida, ofusca a felicidade e não dá vez.
Mas, um pouquinho do ser feliz é não desistir fácil do que te faz bem, é não depositar as esperanças na amargura inquieta. Antes de dar vez ao preto e branco, recarregue as cores, ao começar pelo amarelo, der conta da força do sol. O amanhecer torna-se mais nítido, e deixe que as boas energias te tragam de volta a esse horizonte de partida chamado dia.
E ao deixar que algo possa partir, esteja ciente de estar sendo prudente, principalmente consigo.