Filho da Terra
"SALVUM FAC POPULUM TUUM, DOMINE ET BENEDIC HEREDITATE TUAE"
Contam que o homem quando pensa cala, quando se comunica fala e quando está muito triste escreve belas páginas.
Como esta que meu velho e poeta pai me contou. Quando eu menino, pedi ajuda para um trabalho escolar. Precisava escrever uma historia de um filho da terra. Meu pai me contou uma história que, segundo ele, aprendeu em velhos livros; tentarei ser fiel ao reproduzir, trabalho nada fácil quando não se tem a inspiração própria dos poetas, ainda assim darei minhas pinceladas...
"Dizem que vinha não se sabe de onde, uma fita na cabeça qual bem-te-vi ou um penacho feito cardeal.
"O encontraram pescador de rios, caçador das matas, valente como o quê, preparado para ... não importa se para viver ou morrer, apreciava mãe natura qual cunhatã sonhadora a espera do retorno de seu guerreiro e, ainda que não entendesse de pátria, sabia o que queria.
"Esbelto, musculoso, esculpido em barro e rebeldia, indomável e agressivo, sorrateiro como sombra, vasculhava caminhos espinhosos das lendas. Peito nú, entre o vermelho e o cobre sua tez, guerreiro por instinto e então "pelas veia no lugar de sangue corria Sol". Cores vivas pinta o rosto e na cabeça penas qual bela ave estética. Instintivo ... se o excesso de enfeites não fazia dele mais índio, quando mais se enfeitava mais homem se sentia.
"S e n h o r d a s m a t a s
"Na disputa por caça empunhava sua coragem "afiada ao vento".
"Duro por fora, duro por dentro, qual pederneira, só uma faísca de doçura flamejava em sua vida como galhos da flora índia flamejavam vítimas de relâmpagos tormentosas: Seu idioma GUARANI.
"Qual figura espectral vagava léguas sob luas, por riachos em canoas acumulando sobre a pele a umidade do sereno e o vermelho do Sol, dia e noite, noite e dia.
"A chegada do homem "civilizado" desatinou seu caminho e, quem vivia errando por paragens tão diversas, viu seu povo amontoado para servir um pseudo-cacique que lhe tolheu espaço e liberdade".
"Não sabia rir ... não sabia chorar ...
"Bramia nas lutas como fera e morria sem ruído, quando muito com um tremor de penas, como morrem os pássaros".
" ... mas hoje ele só tem o dia dezenove de Abril..."