Está Chegando o Natal

Quando se aproxima o Natal, através do pensamento, eu volto a 1940, numa manhã de muita chuva e lá estou eu, com a minha bola vermelha que a metade era verde, agarrado a ela com o nariz colado à vidraça.

Essa era a lembrança do primeiro Natal. Eu tinha 5 anos. E mesmo tendo passado tanto tempo eu ainda sinto o cheiro daquela bola vermelha que a metade era verde.

Volto no tempo e me vejo com 12 anos, servindo as mesas do Bar e Restaurante onde eu trabalhava. Era véspera de Natal, alegre e contagiante. Casa cheia. Mas eu notei que um casal não estava fazendo parte daquele cenário: Valquiria, a moça que estava com lágrimas nos olhos, e o rapaz Otávio, que também estava triste. Eu quis saber o motivo. Então ela disse: “Faz mais de um ano que nós deixamos a casa de meus pais, que são bem de vida, em São Paulo, por não aprovarem o nosso casamento. Mas a saudade é tão grande que eu não sei me controlar”. Ai eu lhes disse, do alto da minha experiência de 12 anos: “Por que vocês não voltam à casa de seus pais? Vocês serão o maior presente de Natal que eles desejariam receber. Ainda mais com um neto a caminho”.

E vendo que talvez os recursos deles não fossem muito grandes, ofereci dinheiro da minha bandeija de Natal, pois tinha trem até meia noite. Valquiria e Otávio, gentilmente, recusaram a oferta e ela me abraçou e me beijou na face, e falou: “Você foi a resposta às minhas preces. Um dia você vai saber quem te enviou até nós”.

Soube por eles mesmos que naquela noite foram a São Paulo e chegaram às 2 horas do Natal. Foram recebidos com grande carinho por toda a família, pois a mãe dela havia feito muitos pedidos a Deus para que eles voltassem para casa.

Por essas e outras vejo que o Natal tem o poder mágico de desarmar os espíritos mais rudes, e a atmosfera fica cheia de suavidade e os corações transbordam de bondade. É isso o que o Natal traz de presente à humanidade.

Laércio
Enviado por Laércio em 17/12/2008
Reeditado em 17/12/2008
Código do texto: T1340957