Tributo aos Alunos
Carrasco, exigente, bravo, cara de mau, rigoroso: esses foram, são, é ou ainda serão os que melhores vos lembraram a minha grande e espaçosa pessoa.
Assim peço licença a cada um de vocês para vasculhar um ano de intensas emoções, confusões, risos, choros, brigas e o melhor de tudo as nossas aulas, e olhem que não foram poucas para ser exato passamos das 200, ou seja, nos encontramos mais de 200 vezes durante os 365 dias de 2008.
Foi um ano meio louco paralisações, greve, jogos escolares, mostra cultural... Um cansaço, mas que ainda sobrava tempo para as provas tão cansativas, longas, em duplas, “ou com a/o parceira/o duas cadeiras à frente, atrás do lado”. Foi um ano de descobertas mútuas; descobrir que posso voltar a lecionar com toda a confiança, e descobri também que há talentos entre nós como cantores, atores e atrizes, gente bem humorada e carrancuda e olha que não falo de mim...
Foram 200 aulas que passou do sério: termos essências, integrantes, acessórios e ... Ufa!! Ou ainda discutir o que pode ou não colocar numa redação. A tantas outras aulas que renderam mais que outras, e eram nessas que a emoção falou.
Rosto e rostos novos se apresentaram. Estimaram-se. Rostos que não mais serão simples faces que parecem tantas em meio a uma humanidade de milhões, mas sim rostos que puderam se conhecer.
O que falar de tantas Mikaelas, Roseanes, Iris, Claúdias, Marcelos, Adilsons, Lucicleides, Rafaelas, Tainaras, Lucas, Martas, Joões, Orlanes, Evertons, Tarcisios, Sarah, Valdenildos, Valdenices, Grasiellas, Adrianas, Paulas, Danielas, Fernandos, Brunnas... que se dividiram em tantos. E olha que não era uma turma fácil, confesso que fiquei assustado no primeiro encontro, mas o tempo encarregou-se de facilitar o contato, transformar alunos em cúmplices, pois choramos juntos, rimos juntos, tivemos raivas juntos.
Passamos a pensar não apenas como profissionais, mas crescemos como seres humanos. A emoção tantas vezes se fez presente, mesmo com os mais seguros de si. Os tímidos que me perdoem, mas os desinibidos deram o quê falar, o que não ofuscou os calados, pois sei que a mensagem foi recebida.
Vejo que em cada um há o que agradecer. Festejar. Abraçar. Colher. As aparências formaram uma barreira que impedia a comunicação entre todos, coisas de um mundo capitalista e individual, mas acho que isso para alguns já é coisa do passado. Festejemos o dia de hoje, as vitórias, sim, pois são vitoriosos. Celebremos as conquistas, e façamos das derrotas um aprendizado. Acolhamos mais os nossos colegas que sentam no fundo, no meio ou ao lado.
Um ano, no qual pude comungar da experiência em ter ao meu lado futuros colegas de profissão, amigos e professores, pois vocês me ensinaram a ensinar.
Parecia até que o ano não queria passar. Garanto que todas as noites iam dormir pensando que assim ao acordar o dia passaria rápido e mais uma etapa foi cumprida. Chegou o tão sonhado dia, exatamente 17 de dezembro de um ano qualquer, mas antes creio eu que já se emocionaram, reviram conceitos, corrigirão deslizes acumulados durante o ano. Quero crê também que aquelas aulas de Português e Redação serviram não só para adquirir conhecimento, mas que também foram capazes de nos engrandecer como seres humanos.
Hoje é ou são 17 de dezembro de ...? Vocês são sujeitos simples ou compostos, oculto, indeterminado ou inexistente? São termos essências, integrantes ou acessórios, termos regidos ou regentes? São futuros temas de narrações, descrições ou dissertações?
Cada um uma narrativa: personagens interagindo como protagonistas, antagonistas, num espaço pequeno capaz de ser ínfimo para a grandiosidade de cada protagonista. Um tempo real. Ações que foram do engraçado ao triste. Caras e bocas que se fizeram no início do primeiro ato mais especificamente a minha entrada em cena que estremeceu vocês, meus coadjuvantes.
Sei que sou humano e vejo isso em cada um de vocês. Saio na certeza de fiz o que me propus. Levo comigo rostos que ficaram latentes a cada instante que nos encontrarmos.