O Sopro da Estrela
Caminhava com extrema delicadeza e simplicidade, como se estivesse para receber algo, e foi quando alguém me soprou. De onde vinha esse sopro? Tentei procurar alguém ou algo “Sobrenatural”, pois o sobrenatural me persegue. Uma perseguição amorosa. E nada enxergava: o nada é tão pouco, não me contentava, pois queria sentir novamente esse sopro. Era tão gostoso e prazeroso que, em exatos momentos, me sentir no céu. Acho que era parecido com o céu, era diferente de tudo. Tive medo, era o medo do novo, principalmente para quem estava acostumado a estar no inferno. De repente, sentir novamente aquele sopro, e ele vinha de baixo. Meu coração transbordava de êxtase profundo e faiscante. Pensei: que contradições de sopros, ora estava o medo, ora o prazer. O sopro vinha da minha bolsa, e foi aí que entendi que era Clarice (Lispector) que me soprava. O sopro vinha de um de seus livros: Um Sopro de Vida. O sopro da estrela Clarice, com seus escritos embalados com uma musicalidade caleidoscópica... Há vida na estrela. Ela soprou-me!