O Sorteio
O SORTEIO
Sorte. Quem não gostaria de tê-la? Coisa boa é ter a sorte a nosso favor, não é mesmo?
Bem, coincidência ou não, aconteceu mais precisamente, na sexta-feira, 31 de outubro (detalhe: o número invertido é 13). Vale lembrar que agora também entre os brasileiros comemora-se o "dia das bruxas", mais uma idéia copiada do estrangeiro. Foi naquele dia deste ano de 2008, que vivenciei a tal da sorte.
Saí de casa logo após o almoço para deixar meu netinho na escola e
tomei rumo direto até o campus da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). A tarde estava abafada mas, desde cedo, o céu já
anunciava que poderia chover em algum momento. Ao chegar ao prédio
do Centro Pedagógico, começaram a cair os primeiros pingos de chuva.
O céu escureceu de repente, a ventania se fez presente, assustando a
todos que alí chegavam. Estacionei o carro o mais rapidamente
possível e corri para dentro do prédio. Alí, seria realizado o sorteio das
vagas para o ingresso de crianças no ensino fundamental. O Centro
Pedagógico da UFMG (CP) é uma escola procuradíssima, tanto pelo seu
ensino de qualidade excelente, como por ser federal e gratuita. Ou
seja, a escola que todos os pais sonham para os seus filhos.
Dentro do prédio, existe um pátio suficientemente grande para servir de auditório. Parte do público presente tomou lugar nos poucos degraus
que ora serviam de arquibancada. Os demais amontoavam-se, como
podiam, no espaço que lhes seria possível assistir ao sorteio. Sem
nenhum atraso, a diretora do CP toma a palavra e apresenta os
representantes da escola dando-se início ao sorteio. Seriam
contemplados apenas 90 candidatos, sendo: 75 (setenta e cinco) o
número de vagas disponíveis e mais 15 (quinze), caso haja necessidade
de segunda chamada após a matrícula. É bom que se saiba que foram inscritos 1.354 (um mil, trezentos e cinquenta e quatro) candidatos.
Bem naquele momento, a chuva iniciou sua descida de maneira assustadora. Uma "tromba d'água", pra falar a verdade, caía lá fora e o
que todos temiam aconteceu. Ouve-se o estrondo de um trovão e,
imediatamente, um apagão. Pronto! Pára tudo! Ouve-se um "Oh!" geral.
Logo agora? Quase às escuras (a claridade era pouca, já que lá fora
tudo estava cinzento), fomos obrigados a aguardar, pacientemente, a
volta da energia. Não sei ao certo quanto tempo permanecemos assim.
Mesmo que se tenham passado, 20 minutos, a minha ansiedade fez com que a sensação fosse de mais de uma hora de espera. Enfim, a energia voltou, as luzes se acenderam e foram reiniciados os trabalhos.
Como não consegui lugar junto à platéia, sentei-me onde daria para
escutar o som do microfone. Afinal, pensei, não preciso ver; escutar é
o suficiente. Com papel e caneta em mãos, eu ia anotando cada "pedra-numérica" cantada. O locutor oficial da 'Loteria Mineira' anunciava o número e depois o nome do candidato. Assim, foram sucedendo-se os sorteios: o primeiro, o segundo, o terceiro... o oitavo, o nono, o décimo. Nessa altura, os "sortudos" se manifestavam com gritos, assobios e aplausos, vibrando com a sorte que lhes sorria. Depois, vinha o silêncio e era novamente 'cantado' um novo número. Quando acontecia de sair um número acima da quantidade de candidatos, era desconsiderado, logicamente; mais um momento onde a expectativa e a emoção tomavam conta de cada espectador. Ao perceber que o número esperado não saíra, instintivamente eu fechava os olhos, fixava a mente no número em que fora inscrito o meu netinho e pensava positivamente: é agora, ele vai ser o próximo!
Anotando, pacientemente, os números, contei 13 (treze) sorteados, tirando os que não valeram. Por algum motivo que não sei explicar, não anotei o décimo quarto. Simplesmente não escutei. Foi aí que, quando a voz do locutor anunciou o nome, parece que um "click" me trouxe de volta à realidade. Levei um susto. Seria mesmo o nome do meu neto que eu ouvira? "Minha 'Nossa Senhora'!", lembro que balbuciei. Saí de onde estava e corri até o 'auditório' improvisado e procurei no telão pelo nome do meu netinho. Lá estava: 0332 - Danilo.
Um misto de alegria e emoção tomou conta de mim e, imediatamente,
soltei um assobio daqueles que só um moleque dá! Eu estava sozinha,
não tinha a filha nem o marido para abraçar. Novamente ouvi os
aplausos. Algumas pessoas próximas de mim repararam (claro!), que eu
era a dona do número sorteado. Ouvi vários "parabéns". Agora a
emoção era maior e de mim tomara conta. Lágrimas desceram sem
controle. Eu ria e chorava ao mesmo tempo. Tudo foi muito rápido.
Logo percebi que outro número já estava sendo anunciado.
Minha próxima atitude foi avisar a filha. As lágrimas ainda embaçavam
meus olhos e a tremedeira me atrapalhava apertar as teclas do telefone
celular. Com muito custo, consegui escrever somente a palavra
"SORTEADO" e enviei a mensagem. Não demorou muito o telefone toca.
Era a minha filha, emocionada também. Nesse ínterim, uma funcionária
da escola me abordou sorrindo, parabenizou-me e entregou uma folha
com as instruções a serem tomadas para a efetivação da matrícula.
Refeita da euforia e prestando atenção ao que a moça falava, é que
percebi que eu devia estar falando um bocado alto! (risos).
Saí do prédio em direção ao estacionamento. A chuva terminara e uma brisa gostosa refrescava o caminho até o carro. No céu, o azul voltava a surgir. As nuvens cinzentas eram sopradas para outro lugar longe dalí. Entrei no carro feliz da vida e tomei rumo de casa. Aquela tarde ficará marcada para sempre como UM DIA DE SORTE!
Aproveitando, informo a todos que tiveram a paciência de ler este texto e que, de certa forma, tenham lá suas "superstições", o dia 31 de
outubro, contrariamente ao dia das bruxas, é o dia do Anjo Achaiah -
anjo protetor daqueles que são encarregados de tarefas difíceis e que
necessitam de paciência. Atua contra a preguiça e a negligência.
Ajuda-nos a obter sempre um bom desempenho profissional.
BOA SORTE A TODOS!
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