Aproveitem, meninos, amem demais.

A maturidade é um saco! E a gente envelhece, é fato. Além disso, perdemos toda a inocente ilusão dourada da adolescência, que acha que sabe tudo, que tem todas as certezas do mundo, que não tem medo de nada, que não sabe nunca onde vai dar a estrada/ o rio/ o mar/ o amor... Amadurecidos, ficamos com um olho de águia infeliz, que nos impede a ilusão, nos assassina o sonho. Por mais que neguemos, não somos mais inocentes, não dá pra fingir inocência, não dá pra dizer que não sacou tudo. Adolescentes, nos arriscaremos pelo puro prazer do risco, pela adrenalina do salto no abismo, por que inocentemente nos achamos ilimitados.

Adultos, sonharemos apenas que o dinheiro chegue pra tudo, que a dor nas juntas nos deixe ir um pouco mais além, que não notem tanto nossas rugas, que as mazelas nos dêem um pouco de paz, que Jesus nos perdoe. E ainda menos, dependendo da nossa incapacidade de delirar, nem que seja um pouquinho. Alguns de nós, os maduros, não deliram mais de forma alguma, o que é realmente uma pena e uma perda. Ai é que se entra no sistema do nunca-mais:

Nunca mais o super-homem, nunca mais o don juan, nunca mais o astronauta, o pirata do espaço, o predador...claro, há alguns que ainda se agarram as ilusões pelo curto espaço de uma noite, pelo efêmero efeito da plástica, pelo uso sistemático do viagra, mas, à sério, nem mesmo eles acreditam.

Por causa disso, contrariando qualquer bom senso, aconselho: Aproveitem, meninos, amem demais, sofram demais, sejam Maysa Matarazzo demais, Edit Piaf demais, Marilyn (Manson ou Monroe) demais, até que a maturidade os separe definitivamente dos sonhos e vocês acordem Elvis, na pior forma e de cinta, na vã e ridícula tentativa de conter a barriga.

Adultos, como diria Belchior, nosso delírio é a experiência das coisas reais, consequentemente chatíssimas, que nos faz repetir irrevogavelmente as mesmas sentenças, as mesmas fórmulas, por mais "moderninhos" que pretendamos ser. Aliás, existe palavra mais antiga que "moderno"?

Tento dizer a todos, sobretudo, a meu elegantíssimo, um adolescente típico e lindo, que ainda não sabe disso, que amar demais, aos dezoito é totalmente são. Depois, não será mais possível, por que o ser humano tem uma limitada capacidade de se deixar levar pelo amor, aliás, essa capacidade é limitada pelo fato de que só se pode viver de amor e brisa aos dezoito, pois aos quarenta será necessário um carro, uma casa, uma poupança, um diploma na parede e a prespectiva real da aposentadoria, dali a uns vinte, trinta anos.

Aproveitem, meninos, aproveitem. Amem demais...eu não sou o "profeta do terror, que a laranja mecânica anuncia", eu TENHO quarenta e seis anos.

O Rex está calado, com medo talvez de denunciar a própria idade.