O tamanho da palavra amor
Sentamos. Dadá trazia um sorriso no rosto_ felicidade! Que beleza era vê-la ali a conversar com os animais. Sua cachorrinha Cuca abanando a cauda, perseguia borboletas sem, no entanto, perder sua dona de vista. O que me enchia de ternura era saber-me amiga de Dadá. Quando eu me punha em apuros de “leves atritos” com os meninos da Beira do Rio ela vinha logo em meu socorro. Entre um sorriso e outro ela de contínuo me desculpava dessas “confusões” que eu na maioria das vezes (Confesso hoje!) desencadeava.
_Ah! A chuva de ontem à noite deixou a terra com esse cheiro de mato verde por todos os lados_ Sua voz saía melodiosa em júbilo à natureza.
_ Dadá! Vamos banhar no rio? A água tá morninha morninha numa hora desta!
E fomos lado a lado, conversando sobre o Natal que se aproximava. Ela seria um anjo no presépio da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Já eu; bem conhecida do Monsenhor Olavo eram minhas traquinagens! Uma vez ele me fez rezar cinqüenta Ave-Marias, de joelho! Eu é que não fiquei! Não tinha tendência para beata! Uma coisa era eu; outra era Dadá.
_ Quem maltrataria um passarinho tão lindo? _ Perguntou-me ela um dia em que a caminho da escola encontramos o pobre animal ao chão.
Serena, mesmo assim, ela escondeu-o da professora e, no regresso a casa, bichinho entre as mãos. Parecia um bebê nos braços da mãe de quietinho ele ficou a sentir o calor das mãos de Dadá. Eu não sabia na época o tamanho da palavra amor. Ria dessas bondades de minha amiga e sentia-me como ela até_ um anjo!
Mandei um e-mail no início do mês de dezembro por dois pombos-correios (Se um errar o endereço, o outro há de acertar. Espero!) e suspeito que neste momento uma Dadá que há em nossa infância esteja lendo-o com aquela gota de lágrima a brincar de cai ou não cai dos olhos dela! E ponho um pouco de vermelho nas faces rosadas de Dadá para brindar a Papai Noel. Neste Natal ele vem!