O BARREADO POÉTICO

O BARREADO POÉTICO

Serão sempre lembrados com muita saudade, os inúmeros almoços, que nossos pais, faziam para reunir toda a família e todos os amigos que eram sempre bem vindos.

Naquela época as casas eram enormes, com lindos jardins, pomares, árvores frondosas e em cuja sombra, uma grande mesa de madeira, com cadeiras muitas vezes de palha ou bancos toscos, comportavam todos que ali se encontravam para entre piadas, risadas, comentários alegres e divertidos, passarem horas e tardes na mais franca e leal amizade.

Mas, como na vida tudo passa, já desapareceram os casarões, as famílias no corre corre frenético, não mais dispõem de tempo livre, e assim trancafiando-se em escritórios, em apartamentos e usando o televisor ou a internet, comunica-se com o mundo exterior, com a ausência da luz do sol, tampouco com o cantar dos pássaros, na perda ao contato com a natureza, que transformava o ser humano em um eterno sonhador.

Assim, estou hoje aqui em lembrando dos grandes e inesquecíveis almoços, trazendo para meu querido leitor a receita do Barreado, tradicional comida que era feita por tropeiros, que no descanso de sua jornada do Sul do país até Sorocaba, preparavam o Barreado em panelas de barro, que eram vedadas com uma pasta de farinha de mandioca, e cosidas em grandes braseiros.

Aqui no Paraná em Antonina e Morretes é o centro mais conhecido e recomendado para degustação de um legítimo e saboroso Barreado.

Confesso que habitando em um apartamento e como atualmente dispomos de nossas grandes panelas de pressão as usamos, uma vez que na época dos tropeiros ainda não existiam este conforto, que para nós encurta o tempo do cozimento, sem alterar o sabor e aroma do autêntico barreado.

Eis a receita, que em volta da mesa é degustado com muita boa conversa, reunindo todos aqueles que nos é tão querido.

4 kilos de carne bovina (acém, peito, costela, músculo, colchão mole, patinho).

Costeletas de porco defumadas e lingüiça tipo calabresa.

200gs de toucinho defumado

5 cebolas , 1 cabeça de alho, folhas de louro, 1 colher rasa de cominho moído, 1 colherinha de pimenta do reino, vinho branco (barato), 4 cravos da Índia.

Modo de fazer :

Na véspera coloque as costeletas e a lingüiça num recipiente com água fria para retirar o sal.

Corte as carnes em pedaços e misture-as com as cebolas picadas, o alho macetado, o cominho, a pimenta do reino, o vinho, as folhas de louro, e os cravos da Índia para colocá-los em uma tigela para

pegarem o gosto do tempero.

A noite, na véspera do almoço leve-os ao fogo numa panela de pressão, e coloque água até + ou – 4 dedos acima do conteúdo sólido, para que com o cozimento ainda fiquem restando caldo suficiente, para o delicioso pirão.

Deixem cozinhar por 1 hora. Depois desliguem o gás e vejam quanto restou de caldo. Se acharem pouco, podem colocar mais um pouquinho de água, que com o tempo vocês já saberão a quantidade exata, evitando assim deixar o caldo aguado.

No dia seguinte, levem novamente a panela ao fogo para terminar o cozimento.

De vez em quando dêem uma olhada, e o barreado só estará pronto quando as carnes estiverem quase se desmanchando. Retirem os ossos que se desprenderem, e reduzam as lingüiças em pedacinhos.

Separem umas 10 bananas nanicas ou da terra, e coloque-as para cozinhar em água, por pouco tempo, pois as cascas não devem ficar abertas.

Tirem as cascas depois de cozidas e corte as bananas em pedaços, de uns 3 dedos, fica mais fácil e terá um aspecto mais apetitoso.

Coloque o barreado, quase fervente, em um recipiente fundo e leve-o a mesa para ser degustado.

Sirva com farinha de mandioca crua, que estará colocada em outra tigela e cada convidado fará seu próprio pirão em prato fundo e saboreiem este Barreado poético, como se estivessem

à sombra de uma árvore frondosa e ouvindo o canto mavioso dos pássaros.

Curitiba,15/12/2.008

Dinah Lunardelli Salomon

Hanid
Enviado por Hanid em 15/12/2008
Código do texto: T1337010
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