Pequenas confusões

Aqui na minha cidade tem faculdades de Medicina e Odontologia e os estudantes andam pelas ruas com uma coisa engraçada pendurada no ombro, como se fosse uma sacola branca. Mas não é. Um dia descobri que eles dobram o avental – usado em sala de aula – de tal modo que podem carregá-lo sem o vestir. Aquela tirinha da parte traseira é que faz a alça. A partir de um dado momento, lá pelo quarto ano talvez, todos devem se apresentar vestidos de branco. Depois de formados, então, é que vão mesmo de branco para o trabalho, seja em hospitais ou consultórios. Esse hábito estendeu-se também a atividades correlatas, como a dos enfermeiros e massagistas. Acho bonito vê-los assim, mesmo sem conseguir distinguir a exata profissão do cidadão.

Às vezes até fico pensando que aquele senhor, com jeito de doutor, pode não ser nada disso, mas um compenetrado pai-de-santo, que na hora do "vamo vê", numa salinha enfumaçada, proferindo palavras esquisistas, enxotará os maus espíritos do corpo de um desgraçado...

É por isso que por aqui há também algumas butiques onde encontramos apenas roupa branca. E como venho do século passado, taí mais uma confusão. Antigamente, a expressão “roupa branca” não tinha nada a ver com doenças, dores musculares, diabo no corpo ou cáries dentárias. Era a roupa da casa, quer dizer, toalhas de mesa, guardanapos, lençóis, fronhas, toalhas de banho... tudo rigorosamente branco.