A Psicologia do Chinelo: Não peque!

Sete sentimentos humanos que o Papa e outras religiões tentam reprimir há muito tempo. Estes são os pecados capitais. Alguns dizem que são oito, mas isso não importa, as conseqüências por alimentá-los são variadas. Você pode ser levado ao inferno, imprimir manchas no seu perispírito e ter que retirá-las em outras encarnações ou pode ter que rezar alguns Pais Nossos e algumas Salve Rainhas ajoelhado no milho. Seja qual for a sua crença, de qualquer jeito você vai sofrer. É aí aonde quero chegar.

As religiões, principalmente as cristãs, sempre nos prometeram penas cruéis no futuro para atos pecaminosos, uma forma de proteção aos seus fiéis. Se você praticar vaidade, luxúria, gula, soberba, raiva, avareza, inveja ou preguiça será punido pelas leis de Deus e provavelmente descansará a eternidade queimando no inferno. Já andar na linha é algo como uma carta de crédito, um consórcio para o paraíso. Quem não peca ou se redime de seus erros perante um sacerdote será feliz por toda a eternidade.

Não sou Padre, Pastor, Buda, nem ostento títulos acadêmicos sobre o assunto. Pra ser mais direto, até bem pouco tempo era um ateu convicto, totalmente cético e fui expulso da catequese em que minha avó me matriculou. Porém, por falta de explicações para muitas das dúvidas que o meu orgulho não me deixava admitir, fui forçado pela vida a buscar respostas. Comecei, então, a estudar as religiões e a praticar um pouco de cada. Tudo aqui é apenas opinião e fruto de experiências próprias. Jamais teria a pretensão de duvidar ou criticar a fé de outras pessoas. Cada um na sua!

No fundo, no fundo, as religiões – vamos nos ater aqui às cristãs e budista - dizem a mesma coisa por palavras diferentes. Todas elas culminam num só ensinamento: o amor. Pode parecer estranho, mas precisamos aprender a amar. Esse é o papel das religiões e até o do código penal. Enquanto não aprendermos a amar a nós mesmos e as outras pessoas, seremos infelizes e punidos, o que não deixa de ser uma verdade, embora a felicidade seja muito relativa. Os pecados entram na história como um atentado ao amor, ora próprio, ora para com os outros.

Veja só:

O orgulho é um sentimento de inferioridade. Quando o sujeito precisa se afirmar para os outros e para si mesmo ele se sente inferior, mesmo que inconscientemente. Além disso, as pessoas arrogantes acabam se tornando solitárias porque não conseguem um relacionamento saudável.

A vaidade também carrega consigo a inferioridade. Quem é muito vaidoso vive preocupado com a aparência e com as coisas materiais e nunca se sente satisfeito. A pessoa sofre porque não consegue estar de bem consigo.

A luxúria é compulsiva. Quem vive pensando em sexo também não consegue se sentir pleno. A busca excessiva pelo prazer através do sexo revela, além de uma compulsão, uma lacuna que tem que ser preenchida. O sujeito não consegue sentir prazer em várias situações do seu dia-a-dia. O mesmo acontece com quem usa drogas. Afogar a lucidez num copo de bebida – estou falando de quem usa em demasia - ou numa carreirinha de cocaína quer dizer que, sóbria, aquela pessoa não consegue se sentir completa. A realidade não a satisfaz.

A gula também é compulsiva. Quem come demais faz mal a si mesmo e entra num ciclo vicioso. Quanto mais a pessoa come, mais ela vai precisar comer pra se sentir satisfeita. Este ciclo leva à obesidade, ao sedentarismo e à baixa auto-estima. Sentindo-se inferiorizada, a pessoa começa a apelar para a vaidade, o orgulho, a inveja... um sentimento é diretamente ligado ao outro.

Quem está com raiva certamente está sofrendo. A raiva é um sentimento de auto-destruição. Nem mesmo quando “descarregamos” conseguimos nos sentir bem. A raiva é uma espécie de atestado de falta de controle. A melhor coisa para alguém que quer fazer mal para uma pessoa é vê-la irritada. Quanto mais irritação, mais sucesso. A raiva é inútil e só atrapalha as nossas decisões.

Pão duro sofre! Você nunca ouviu alguém dizer: “Como foi doído soltar aquele dinheirinho...”? Justamente. O avarento sofre por causa do dinheiro. Passa o tempo todo pensando em ganhar mais e mais e preocupado em não perder nenhum centavo. É uma compulsão. De todo o dinheiro aproveita muito pouco porque só pensa em acumular.

A inveja é um dos piores. O invejoso se sente inferior o tempo todo e tenta desesperadamente inferiorizar os outros para que consiga se sentir no mesmo patamar. Ele esquece que todos somos humanos e iguais, independentemente do número de propriedades que cada um tem. Um sentimento desprezível, inútil e que só acarreta inimizades.

O preguiçoso sofre de todos os anteriores. Por ser indolente e não tomar iniciativas tem que se proteger como pode e busca naqueles sentimentos um esteio. Costuma se lamentar o tempo todo e tem atitudes pessimistas. Tudo para ele é muito difícil e requer muito esforço para ser alcançado. Sofre, principalmente, quando entende que o tempo passou e com ele muitas oportunidades se foram.

Os pecados são a causa de muitos dos nossos sofrimentos. As religiões alertam sobre isso, mas cabe ao indivíduo sua transformação. Deus não pune ninguém, nem Jesus fica triste quando pecamos, nós mesmos nos punimos e não sabemos! As conseqüências não virão no futuro, é aqui e em breve que saberemos o que plantamos para nós mesmos. É só tentar entender melhor...