(Imagem: O Inferno de Dante - Botticelli)
(Música: Fuga - Handel)
Tragédias, campeãs de leituras e audiências!
Há poucos dias atrás, andando pelo centro comercial de minha cidade, ao passar por uma loja de eletrodoméstico, notei uma aglomeração de pessoas em frente a um aparelho de TV. De inicio pensei em se tratar de noticia de edição extraordinária, algo de extrema relevância, cheguei mais perto e notei que o parelho estava sintonizado em uma canal de TV aberta, que era um daqueles programa sensacionalistas e que noticiava mais um assassinato de forma cruel dentre muitos que ocorrem pelo Brasil.
O consumo de tragédias não é algo novo, povos antigos assistiam ao vivo e com avidez espetáculos bárbaros. Na Grécia antiga, as festas de Dionísio iniciavam com o tirano sacrifício de um bode. Na Roma antiga os espetáculos eram ainda mais trágicos, os espectadores lotavam os coliseus e arenas para assistir um cristão ser devorado por leões ou um gladiador sucumbindo ante a espada do adversário. A tragédia serve para despertar o sentimento de piedade no ser humano e Aristóteles já a chamava de cartase da audiência. Com o passar do tempo e com a evolução, o homem criou formas artísticas de retratar as tragédias; inicialmente através do teatro, seguida da música, da literatura, da pintura, da escultura, do cinema e finalmente da televisão.
Em tempos passados eu acreditava que as novelas das TVs abertas eram perdas de tempo, uma arte de qualidade pobre e duvidosa que visava somente a entreter, fazer o tempo passar, do que estimular o indivíduo a pensar. Aqueles dramas, que assistindo o primeiro e o ultimo capítulo, entendemos o moral da história, o restante são fatos corriqueiros da hipocrisia da vida. Notei que os personagens maldosos e do tipo megera eram os que mais chamavam atenção dos espectadores. Hoje entendo o motivo da enorme audiência das novelas e dos programas macabros da televisão.
Na atualidade, o problema é que a televisão não está a serviço da arte e sim da informação fácil, do consumo e da elite dominante. A televisão de hoje substitui satisfatoriamente as arenas e os coliseus do império Romano, embora, o espetáculo continue o mesmo. Podemos dizer que televisão é um enorme avanço da tecnologia e do consumo, mas, não está a serviço da evolução humana. Muito embora, a culpa não é somente da televisão, ela oferece um produto e se ele é bem consumido a sua produção continuará.
O homem evoluído retrata as tragédias em forma de fantasia, em forma de arte para ser consumida, para despertar o sentimento de piedade, e acima de tudo, para colaborar com a evolução. Shakespeare foi um grande exemplo, retratou como ninguém as tragédias humanas e depois dele veio uma enormidade de outros artistas. A arte faz parte da educação e é um dos instrumentos de evolução humana. Até quando o ser humano não receber uma educação adequada, continuará consumindo arte de qualidade pobre e duvidosa, assistindo tragédias da vida real ao vivo e reprisadas várias vezes ao dia.
Tragédias fazem parte do inconsciente coletivo e o inconsciente não distingue a fantasia da realidade, por isso, é mais gostoso consumir fantasia na forma de arte, pois a arte é a expressão máxima da evolução humana.
(Música: Fuga - Handel)
Tragédias, campeãs de leituras e audiências!
Há poucos dias atrás, andando pelo centro comercial de minha cidade, ao passar por uma loja de eletrodoméstico, notei uma aglomeração de pessoas em frente a um aparelho de TV. De inicio pensei em se tratar de noticia de edição extraordinária, algo de extrema relevância, cheguei mais perto e notei que o parelho estava sintonizado em uma canal de TV aberta, que era um daqueles programa sensacionalistas e que noticiava mais um assassinato de forma cruel dentre muitos que ocorrem pelo Brasil.
O consumo de tragédias não é algo novo, povos antigos assistiam ao vivo e com avidez espetáculos bárbaros. Na Grécia antiga, as festas de Dionísio iniciavam com o tirano sacrifício de um bode. Na Roma antiga os espetáculos eram ainda mais trágicos, os espectadores lotavam os coliseus e arenas para assistir um cristão ser devorado por leões ou um gladiador sucumbindo ante a espada do adversário. A tragédia serve para despertar o sentimento de piedade no ser humano e Aristóteles já a chamava de cartase da audiência. Com o passar do tempo e com a evolução, o homem criou formas artísticas de retratar as tragédias; inicialmente através do teatro, seguida da música, da literatura, da pintura, da escultura, do cinema e finalmente da televisão.
Em tempos passados eu acreditava que as novelas das TVs abertas eram perdas de tempo, uma arte de qualidade pobre e duvidosa que visava somente a entreter, fazer o tempo passar, do que estimular o indivíduo a pensar. Aqueles dramas, que assistindo o primeiro e o ultimo capítulo, entendemos o moral da história, o restante são fatos corriqueiros da hipocrisia da vida. Notei que os personagens maldosos e do tipo megera eram os que mais chamavam atenção dos espectadores. Hoje entendo o motivo da enorme audiência das novelas e dos programas macabros da televisão.
Na atualidade, o problema é que a televisão não está a serviço da arte e sim da informação fácil, do consumo e da elite dominante. A televisão de hoje substitui satisfatoriamente as arenas e os coliseus do império Romano, embora, o espetáculo continue o mesmo. Podemos dizer que televisão é um enorme avanço da tecnologia e do consumo, mas, não está a serviço da evolução humana. Muito embora, a culpa não é somente da televisão, ela oferece um produto e se ele é bem consumido a sua produção continuará.
O homem evoluído retrata as tragédias em forma de fantasia, em forma de arte para ser consumida, para despertar o sentimento de piedade, e acima de tudo, para colaborar com a evolução. Shakespeare foi um grande exemplo, retratou como ninguém as tragédias humanas e depois dele veio uma enormidade de outros artistas. A arte faz parte da educação e é um dos instrumentos de evolução humana. Até quando o ser humano não receber uma educação adequada, continuará consumindo arte de qualidade pobre e duvidosa, assistindo tragédias da vida real ao vivo e reprisadas várias vezes ao dia.
Tragédias fazem parte do inconsciente coletivo e o inconsciente não distingue a fantasia da realidade, por isso, é mais gostoso consumir fantasia na forma de arte, pois a arte é a expressão máxima da evolução humana.