"SOLIDARIEDADE" = Fogo na Comunidade "México 70" em São Vicente=
Gente, estou impressionado! Aliás, muito bem impressionado. Há poucos dias atrás um incêndio destruiu várias centenas de barracos na comunidade “México 70”, deixando na rua da amargura uma enorme quantidade de moradores. Entre eles nossa jovem empregada e seus dois filhos, de 12 e 2 anos, respectivamente.
Estive no local da tragédia pouco depois que o fogo foi dominado e confesso que jamais havia visto, assim tão de perto, a devastação causada por um incêndio em uma favela. O fogo abriu uma imensa clareira, ou melhor, uma quase clareira, já que tudo estava escurecido pelas madeiras, objetos, móveis, eletrodomésticos e muita coisa mais esturricada. Deu um nó na garganta ver tanto estrago de coisas de quem tem tão pouco.
No dia seguinte fiz uma circular sobre a tragédia, pedindo ajuda para nossa empregada e para todos os atingidos. Tirei cem cópias e as distribui nas caixinhas de correspondência dos dois prédios que compõem o conjunto onde moro. Distribui sem pensar se daria ou não resultado. Não criei expectativas nem para mim nem para a possível beneficiada.
Agora, como eu disse acima, estou impressionado. As doações estão chegando a toda hora e a quantidade de coisas boas, novas, recém-compradas, em perfeito estado, úteis, sensatas, causam alegria ao recebê-las. Em apenas uma das sacolas havia mais de trinta peças de roupas para o menino de dois anos, o meu caro amigo Jonathans, o “Chocolate”.
Agorinha mesmo chegaram outras sacolas lotadas de alimentos, escovas de dente, sabonete, absorvente, mais roupas novas e bonitas, e, muito luxuoso, um belo travesseiro ortopédico.
Ainda há mais para chegar. Já nos telefonaram dando endereços para a retirada de móveis, fogão, geladeira, e muita coisa mais.
Enquanto escrevia esse artigo a campainha tocou. Era uma senhora trazendo duas sacolas, pesadíssimas, cheias de roupas e de calçados. Batemos um papo, fiquei sabendo que ela escreve, que já publicou por muito tempo em jornais, e, é claro, é agora mais uma convidada a escrever no Recanto.
Do jeito que estão indo as coisas, acho que amanhã terei que alugar um veículo grande pra levar tudo para o pessoal da “México 70”. Deus que abençoe essa minha vizinhança.
Agora peço licença. Minha carona pra São Paulo está chegando e vou aproveitá-la para ir ao “Encontro dos Recantistas”, lá no Bexiga, conhecer de perto a cambada, digo, os nobres colegas de RL.