GAFES DOS PODEROSOS
Ao abrir o site da Folha de São Paulo, encontrei uma imagem inusitada. Fotografaram o ministro do STF, Celso de Mello, dormindo durante o julgamento da demarcação das terras indígenas Raposa Serra do Sol em Roraima.
Entendo o ministro. Após o almoço, às vezes, a vontade de dormir é irresistível. Ao sentarmos e começarmos a ouvir alguém falar por muito tempo não tem jeito. O ataque de Morfeu é certeiro. Ainda mais se estivermos ouvindo alguém ler um texto enorme e enfadonho.
O ministro Celso de Mello precisa aprender com seu colega de corte, o ministro Joaquim Barbosa. Já vi este ministro por diversas vezes em pé, atrás de sua poltrona. Talvez seja uma tática para espantar o inevitável sono e as inevitáveis fotos em capas de jornais.
Eu, ao contrário do ministro, acho super interessantes os votos prolatados pelos membros do STF. Já decorei o nome de todos eles e comecei a entender um pouco da dinâmica da Corte Maior. Para estudantes de direito é muito bom ouvir o juridiquês dos ministros. Começamos a pensar de forma mais elaborada e jurídica. É bom também saber que é possível tirar uma soneca durante a sessão e não acontecer nada. A não ser o fiasco de aparecer nas capas de jornais e revistas de todo o país.
Das coisas boas da Suprema Corte, por exemplo, aprendi um termo em latim. O termo é extra-petita. (Desculpe o leitor, pois eu queria colocar o termo latino em itálico, mas a minha assinatura aqui no RL não permite uma coisa assim tão sofisticada). Extra-petita significa que o juiz abordou temas além daqueles que foram elencados na petição inicial. Foi a observação que fez o ministro Ayres Brito ao ministro Menezes Direito.
Deixando um pouco o Poder Judiciário de lado, com seus termos em latim, suas formas refinadas de organizar as palavras e suas tiradas de cochilo, vamos ao Poder Executivo. Mais especificamente, ao chefe do Executivo federal.
Este nos brindou com termos corriqueiros, cotidianos, chulos e vulgares, mais conhecidos como palavrões. Para integrar sua enorme lista de termos chulos o presidente falou em “diarréia” e para o rol dos seus palavrões ele disse “sifu”. Tudo isso num discurso para um monte de pessoas, com presença da imprensa. “Sifu”, conforme elucidativa explicação da Folha de São Paulo, é uma corruptela de um palavrão bastante difundido entre a população. Não vou escrevê-lo, por motivo de elegância.
É de notório saber que nosso presidente não é famoso por sua cultura ou pelas coisas inteligentes que costuma dizer. Mas daí a falar palavrões já é um grande esculacho.
De toda essa história, nós cronistas, não podemos reclamar. Há farto material para escrevermos. Não precisamos buscar pelas gafes dos poderosos, eles nos presenteiam diariamente com suas pérolas. Obrigado por facilitarem nosso árduo trabalho!
E falando em pérolas, qual será a novidade do Legislativo?