SINTO VERGONHA DE MIM

TEXTO DECLAMADO POR "ROLANDO BOLDRIN", NA TV CULTURA.

SINTO VERGONHA DE MIM

por ter sido educador, parte deste povo,

por ter batalhado sempre pela justiça,

por compactuar com a honestidade,

por primar pela verdade,

por ver este povo já chamado varonil

enveredar pelo caminho da desordem.

SINTO VERGONHA DE MIM.

Por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia,

pela liberdade de ser e ter

e entregar aos meus filhos simples e abominavelmente

a derrota das virtudes pelos vícios.

A ausência da sensatez no julgamento da verdade.

A negligência com a família, célula máter da sociedade.

A demasiada preocupação com o EU feliz a qualquer custo.

Buscando a tal felicidade em caminhos eivados de desrespeito

para com o seu próximo.

TENHO VERGONHA DE MIM.

Pela passividade em ouvir sem despejar meu verbo

à tantas desculpas ditadas pelo orgulho, vaidade,

para reconhecer um erro cometido.

À tantos floreios para justificar atos criminosos.

À tanta relutância em esquecer a antiga posição

de sempre contestar, voltar atrás e mudar o futuro.

É...TENHO VERGONHA DE MIM.

Eu faço parte de um povo que não reconheço.

Enveredando por caminhos que eu não quero percorrer.

Eu tenho vergonha da minha impotência,

da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.

Não tenho pra onde ir, pois eu amo, amo este meu chão.

Vibro ao ouvir meu hino.

Jamais usei a minha bandeira para enxugar o meu suor

ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim, tenho pena, tanta pena de ti

POVO BRASILEIRO.

"DE TANTO VER TRIUNFAR AS NULIDADES,

DE TANTO VER PROSPERAR A DESONRA,

DE TANTO VER CRESCER A INJUSTIÇA,

DE TANTO VER AGIGANTAREM-SE OS PODERES NAS MÃOS DOS MAUS,

O HOMEM CHEGA A DESANIMAR DA VIRTUDE,

A RIR-SE DA HONRA, A TER VERGONHA DE SER HONESTO".

(Rui Barbosa).

Eduardo Mendonça
Enviado por Eduardo Mendonça em 10/12/2008
Reeditado em 11/12/2008
Código do texto: T1329040