EM PÂNICO
Toquei a mão na geladeira e senti o quente dela. É um defeito que já deu outras vezes. Botei pra degelar...
Mas a questão urgentíssima é que estão armazenados nela bulbos de tulipas. Muitos. Valiosos... “Estão hibernando esperando o momento de serem plantados”
E agora José?
Estou em pânico. Ganhei estes bulbos há cerca de uns dois meses, por ser sabido que adoro tulipas. E já experimentei plantá-las com sucesso lá na serra, lugar fresco, com espaço e tempo para cuidá-las. Foi lindo.
Tenho paixão pelas tulipas desde que li “A Tulipa Negra” do Alexandre Dumas, desde os treze anos. Naquela época eu me apaixonei por três objetivos de sonhos:
a tulipa negra – a jardinagem e o desafio do difícil
o deserto – a aventura e o romance, o despertar da paixão e uma música - GOIESCAS, que ouvia durante o dia inteiro, repetidamente,
a sensibilidade.
São encantos que se metem entre os neurônios jovens e deixam uma marca indelével.
Pois bem, agora estou com bulbos de tulipas querendo brotar com força, e ainda não era hora de acontecer. São cento e trinta e cinco bulbos. Preciosos:
Dez de tulipas negras, graúdas
Vinte e cinco de amarelas, gaúdas
Vinte e cinco de vermelhas, graúdas
Cinqüenta menores de cores variadas.
No Canadá seria o plantio em maio, ou seja, passado o inverno, iniciando primavera, meio outono.
E o Natal ta aí... nada arrumei ainda... Só me interessam as palavras e expressões de sentir e ver, com palavras.
E agora José?
Tenho urgências pela frente. Mas antes delas, a vida das tulipas exige atenção e cuidado. Vou ter que providenciar oitenta e cinco vasos e algumas jardineiras, e terra vegetal pra tudo isto e abandonar os escritos, por hora.
José, eu apanho a pedra no meio do caminho, boto-a no bolso. Vou cuidá-la como um talismã. Ela não estava ali por acaso.
Ontem eu estava numa vaga tristeza, macambúzia...
Agora com a pedra no bolso, estou alvoroçada...
Vou encontrar soluções.