CRER, FAZER CRER, EIS A QUESTÃO
O meu pensamento está disperso e vadio e nesta condição iniciarei o texto de hoje, se tropeçar nas palavras, paciência, é que também estou me sentindo tal qual Manuel Bandeira quando afirmou: “ Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo”.
E esta coisa pensante que sou, que não sabe o que quer , que em nada crer e que só vive enleada em tantas dúvidas e quanto mais procura instruir-se mais descobre a sua santa ignorância, quer saber de quem sabe se quando não existe a razão de crer, como é que fica a vida?
Alguém soprou no meu ouvido parafraseando o chato do Shakespeare: crer, fazer crer, eis a questão.
Quem me fará crer? Que venha a mim “Fiat Lux” e com ela palavras que dêem prazer aos meus ouvidos, prendendo-me e subjugando-me e que os meus sentidos coloquem-se atrás da razão e não se neguem a acompanhá-la para que eu possa deixar de ser para mim própria esse enigma que sou.
Enquanto luz nenhuma alcanço, fico aqui brigando comigo mesma e tentando me situar entre os filósofos do barril (os cínicos) de Antístenes e os estóicos de Zenão, pois estes acreditavam que todas as pessoas são parte de uma mesma razão universal e que cada pessoa é um mundo universal em miniatura, um “microcosmo”, reflexo do “macrocosmo”. Mas também posso descambar para o lado dos epicurus, filosofia criada por Epicuro, baseada no pensamento de Aristipo, que acreditava que o objetivo da vida seria obter dos sentidos o máximo possível de satisfação. Afirmava também que o prazer era o bem supremo e a dor, o mal supremo. Essa filosofia libertadora resumia-se em “quatro remédios”:
Não precisamos temer os deuses.
Não precisamos nos preocupar com a morte.
É fácil alcançar o bem.
É fácil suportar o que nos amedronta.
E por aqui fico. Eu e o Mundo de Sófia...