A difícil tarefa de viver em comunidade

Entre as diversas formas e tipos de campainhas que me foram apresentadas pela vida, conheci recentemente uma, a qual das muitas vantagens, existe a de não ser tocada, a não ser que o cidadão use pernas de pau. Mas, deixemos este percalço pra lá, até porque o mais intrigante mesmo foi descobrir que esta existia, e é a partir daí que começa como já relatei em contos passados, mais uma profissão das muitas que o cotidiano nos impõem na labutada diária. Num soar estridente, voa o aviso do toque, ao endereço pretendido, e uma voz um pouco estridente, avisa, “já vai”. Minutos depois, a “porta da esperança” se abre. A recepção, sempre sorridente por parte daquela jovem espalhafatosa, mania adquirida por onde passou. Ciceroniado até a cozinha, antes de por lá chegar, ainda passo no corredor, pelo, ali qualificado, representante masculino, saudações, e então chego ao local de produção do evento. Num corre-corre diário, panelas soltando vapor, as bocas do fogão industrial cuspindo fogo, aquele delicioso cheiro de tempero, cebolas passeando nas mãos da cozinheira com destino especifico, enfim, todo aquele alvoroço que pode se observar num cenário como este. Por um instante fico a sós com Val, já que Mirtes retorna ao portão. Semblante sério, mas simpático, e sem qualquer receio, aquela que se faz presente, reclama de todos ali, e intitula-se a responsável pela existência daquele evento diário, não polpa adjetivos aos colegas de trabalho/família, fico como dizia um celebre amigo – a cumprimentar cavalo – As expressões são interrompidas com o retorno da qualificada de momento, atendente de portão. A conversa na presença de ambas é simplesmente comercial, duvidas são esclarecidas, e apenas sorrisos e brincadeiras são expressados pelas incubadoras de quentinha. Então, hora de ir embora, cumprimentos, e a recepcionista de portão me acompanha em minha viagem de volta. Ao passar pelo mesmo Sr, a qual mencionei na entrada, minha celebre cabineira vê-sê obrigada a atender o telefone, que já berrava há insistentes minutos. Fico na companhia do cidadão, apenas os assuntos de sempre da classe, e na solidão de nossas presenças, este não polpa criticas e reclamações as duas outras conviventes daquele espetáculo circense. Fico só concordando sem dar minha opinião, e com a proximidade da Mirtes, silêncio da parte dele, sorrisos e o “jurado de momento”, com suas criticas e ressalvas, apenas despede-se. Enfim chegamos de volta ao portão, e para minha surpresa, prontamente, sem qualquer cerimônia, minha colega ali num respirar profundo, explana toda sua insatisfação com seus munícipes daquele pedaço, só ficou mesmo de fora o pequeno cachorrinho, fico mais uma vez como psicólogo na primeira consulta, ouvindo. Por uma obra do momento, já que Val esquecia-se de me indagar um assunto, esta aparece me gritando – mania daquela moça – e contemplando seu chamamento, num pleunasmo de momento, o Sr, faz coro por ela. Enfim, os três estão ali, unidos, sorridentes, o que observo são abraços e uma rasgação de ceda, fazem a questão de mencionar que são um time, e que ali reina a alegria, união e outros mais, Val abraça e dá uma caloroso beijo materno em Mirtes, que é envolvida nos braços do Sr, que ali se faz presente, olho para todos, e apenas balbucio uma simples frase: “Na vida, precisamos viver mais juntos e unidos, como vocês ai agora, e procurar ficar o menos possível sozinhos”. Despeço-me de todos, e volto a minha vida normal, a cada passo que me distância dali, um sorriso e balançar de cabeça, me indagando, como é difícil viver em comunidade!?

Junior – Um sonhador

Onofre Junior
Enviado por Onofre Junior em 05/12/2008
Código do texto: T1319899
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