Palavras saindo... E vida desmoronando....

Palavras saindo... E vida desmoronando....

Entre provas, notas bimestrais, leituras, filmes muitas letras me atordoando, insônia e solidão das noites quentes aqui do sul, ( é começou o calor aqui) desando a historiar para não enlouquecer. Penso em poesia, sinfonias, mas as palavras... Elas se trancaram dentro de mim, ficam trilhando o meu sono, depois desaparecem quando chego à frente do computador. Na falta de tempo que me assola nestes dias nascidos numa pressa insana... Ouço diariamente: faltam tantos dias pra terminar o ano letivo, pra chegar o natal, pra chegar o ano... Pra chegar o fim do mundo... Dói-me ver as imagens de Santa Catarina, mas é uma dor literária, pois eu estou aqui bem protegida e eles lá destruídos. Todos participam das doações, afinal todos querem um momento de televisão. Desculpe o cinismo, porém, o circo das mídias me deprime....

As palavras me vêem das músicas( doce companheiro MP4) que me invadem para eu fugir dos seres humanos. Eles teorizam demais, mentem demais, prometem demais e cumprem de menos... Mentiras sinceras me interessam... Querido Cazuza nem as mentiras são sinceras, atualmente. O teor das palavras sinceras perdeu-se no ar... O vento minuano daqui leva o sentido e deixa o eco que repete variadas palavras sem sentido, sem verdade e sem possibilidades de realização. Talvez, a culpa da insinceridade daqui, seja o excesso de vento... Afinal, Ana Terra já falava das noites de vento... Fujo dos noticiários, não quero ler o jornal, são tantas tragédias, algumas ambientais causadas pelos desatinos do homem perante a natureza e outras causadas também pelo homem que se tornou lobo do próprio homem, parafraseando o Machado de Assis.

E as palavras perdidas dos filmes... Assisti alguns que me ajudaram a ficar mais atormentada: Jardineiro fiel, Modigliani, ambos relatam condenadas histórias de amor. O primeiro possui um fundo social( a miséria da África), Mas, o que fica é escolha do personagem principal em morrer para ficar ao lado da mulher que amava. O outro filme é o Modigliani em que é relatada a história maravilhosa de um pintor contemporâneo ao Pablo Picasso. Entretanto, é o amor insano da sua amada que entretém e ao mesmo tempo nos choca ao final narrativa, pois ela escolhe o suicido para ficar ao lado do seu amado morto. Então, escrevo o que ninguém vê ou sente, o lado escuro da vida. O pintor Modigliani disse pra sua Jeanne: só vou pintar seus olhos quando conhecer sua alma. Fica a pergunta perdida entre o meu desatino palavral e o começo de dezembro... Chegamos a conhecer a alma de alguém?

Isa Piedras

04/12/2008

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 04/12/2008
Código do texto: T1319263
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