Greve pra que te quero greve....

Greve pra que te quero greve....

Nas minhas rotinas de professora estadual já atravessei algumas greves: Doze dias no governo Brito em 1997, e mais noves dias no mesmo governo. Na primeira grave desta administração não houve conquistas, mas, na greve seguinte obtivemos quinze por cento. No primeiro governo petista estadual houve paralisação, o Sr. Olívio e a secretária de educação Lucia Camini, que antes desta administração (pasmem), era presidente do Cper, nos arrastaram por infindáveis trinta dois dias de cansaço e luta. Lembro muito da greve de 2000, pois foi minha última paralisação idealista, por absoluta descrença e desilusão desisti de greves...

Decidi, não paro mais, os protestos deste tipo se tornaram movimentos esvaziados neles mesmos. Não possuem o mesmo fervor idealista dos anos anteriores. Somos ironizadas e humilhadas pela população, os governos, então, nos vêem como “umas coitadinhas”, “as professorinhas estaduais”. Nos últimos tempos, as paralisações se tornaram extremamente sorumbáticas e até farsescas nas mídias. Nas greves do Governo Rigotto, não participei efetivamente, na primeira delas a escola fechou, na outra, assumi minha posição de não grevista e dei aulas. Fui bastante ironizada pelos comandos de greve, me senti bastante mortificada, parece que traia a mim mesma, ouvia, mentalmente, meu pai dizer: pelego, um termo que ele usava para os não grevistas. Entretanto, fui até fim na minha posição de não grevista.

Então, me deparo com paralisação atípica: paramos nas nossas escolas em consenso quase geral. Não houve debates, discussões e xingamentos, somente uma imensa tristeza em notar que já não brigamos por aumento, sim pela simples manutenção de um plano de carreira, um direito adquirido... Dizem: isso não é hora de paralisar, é final do ano... Há os terceiros anos... As férias vêm aí...

E nós professores? Quem se preocupa conosco? Quem cuida dos nossos direitos? Pergunto-me em distintas vezes, em que momento das nossas vidas, verei a educação assumir um papel de protagonista nos meios governamentais? Jamais, pois, a educação não tem primazia em governo algum, afinal, uma população culta e possuidora de conhecimentos levaria a dúvidas e questionamentos e isso incomodaria bastante. Portanto, não tenho esperanças de mudanças educacionais, ou em valorizações profissionais, o professor é um ser em extinção, somos como os dinossauros, bonito de se olhar nos livros e nas gravuras... Mas na vida real...

Isa Piedras

02/12/2008

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 04/12/2008
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