Cruel Cotidiano

O homem, após o término de mais um dia de suor, entra no ônibus rumo a casa. Com o mp3 ligado, sua cabeça relaxa. Interrompido por uma notícia dada no rádio:"Outro crime de assassinato ocorre, inocente é morte por engano". E a mente se desperta com um susto, um temor lhe invade. O medo de morrer chega, se intromete e abusa. A notícia é repetida, aumentando-lhe o pavor. Apernas a confirmação de que será o fim de mais um dia. E os culpados caminhão pelas sombras.

Com pressa, desce do ônibus e caminha apresadamente para o conforto do lar. Aumenta a percepção do medo. Procura se distrair ligando a tv, uma comédia atrapalhada pelo plantão de notícias. Outra vez, o fato do crime anunciado. Propagandas divulgando o fim. Resta o repouso em sua cama.

Lá fora, o vento sopra remexendo os galhos secos. Novamente é acordado com um susto. O pesadelo vivido pelo morto viaja em seus sonhos. Levanta em direção à cozinha em busca de uma saída. Um pulo! ao acender a luz percebe que a solidão da casa é desfeita pela presença de uma felino. Como distrair, se não pode ver tv e nem ouvir o rádio, indagava já irritado.

Não queria comprar a morte. Propagandas de grande pavor eram maior obrigando-o a adquirir-lá. A loucura o dimina por completo. Não procura por respostas. Achava que seria culpa da manipulçao midíatica, que fazia pressão sobre policiais na busca pelo fim da impunidade. E sem aguentar mais a fraquesa de seus olhos absorve uma dose de sonífiro, seria a solução para tudo. Mas não, apenas outro fim, outra morte que ficará impune.