A lagartixa de três pernas!
Há semanas que a venho encontrando nas paredes da copa caminhando como se nada a tivesse acontecido, e com três patas vai seguindo a rotina de pegar mosquitinhos que inadvertidos pousam naqueles azulejos. Nos primeiros dias aquela lagartixa, também conhecida por ‘biba’, quando de minha aproximação corria e certamente pensava “aquele gigante quer me pegar”. Não sei onde perdeu o seu membro superior esquerdo, pois quando a comecei a observar já tinha a amputação; tenho certeza de que não foi em um acidente de moto. Que eu saiba pequenos animais não pilotam e nem pegam carona com motoqueiros. .
Como não me preocupo com a sua presença, pois até me livra dos minúsculos voadores, já me aproximo sem que ela corra tanto, Certa feita li que as lagartixas são propensas a acidentes cardiovasculares, ou seja doenças do coração. Falei isto a um sobrinho e ele saiu batendo o pé perseguindo uma delas, que no piso liso podendo pouco correr foi arroxeando até parar morta de susto. Espero que os leitores não queiram fazer o teste, deixando essas espécies de “faxineiras” limpando nossas casas dos insetos.
Chovia intensamente e o frio aumentou naquela noite e eu, como rotina de um diabético, fui à copa por volta de três horas da manhã. Não vi nas paredes a minha amiguinha cotó e meus olhares a procuravam por todas as paredes. Entristeci-me e estranhamente me invadiu a ansiedade de vê-la, parecendo que se a visse abraçaria e dar-lhe-ia um beijo! O que nunca havia feito. A tempestade, e a copa também, foram iluminadas por um relâmpago. O ambiente iluminado, além da claridade de uma lâmpada de vinte volts que mantenho acesa naquele ambiente, me possibilitou vê-la aquecida atrás da geladeira.
Mesmo com o estrondo e minha presença como se nada houvesse. Não sendo tão minúsculo creio que ouviria o bater de seus coração, compassado e sem sustos e seus olhos arregalados, mas transmitindo também alegria por me ver. Gratificou-me a noite, permitindo que eu me sentisse como Francisco de Assis, que além de ser protetor dos animais se revelou como o mais paciente dos cristão que seriam canonizados; esperou quatrocentos anos após sua excomunhão para o reconhecem como santo, e ainda espera mais quatrocentos para que os homens sigam seus conselhos: “Deixem que os animais cumpram suas missões no clico da vida”. Não nos cabe amputa-los ou limitar suas existências!
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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi – Bahia, e que vê na natureza uma perfeição. Só não tão prefeita quando as florestas perdem suas funções de conter as águas, e igualmente as cidades mal planejadas contribuem com as tragédias.