LETRAS! AQUI TEM UM ADMIRADOR

Letras. Aqui tens um admirador.

Ontem tu tinhas fugido do meu teclado.

Tentei te recuperar ansiosamente com meus parcos conhecimentos de técnico (?), em informática.

E eu não conseguia te resgatar. Estava mais desesperado do que você, que em meu pensamento assistia a tudo, impassível.

Tu me conheces a longo tempo, afinal vieste ao mundo antes de mim e te conheci já na maternidade no laçinho da pulseira.

Retratastes o meu nascimento, o meu crescimento, as minhas alegrias, as minhas tristezas, o meu temperamento e cobriras a minha lápide.

Eu não tinha idéia do quanto a tua presença em minha vida era importante. Enquanto tentava te resgatar, imaginava as tuas curvas acentuadas, as tuas retas precisas, tuas exclamações, interrogações e vírgulas. Até pontos que nunca considerei foram lembrados.

Lembrei-me de minha infância, quando na carência dos anos 60 te desenhava sobre a areia do quintal nas manhãs primaveris.

Como eu ficava chateado quando uma ameixa madura ou uma folha de laranjeira se desprendiam de seus refúgios e se lançavam ao chão e cobriam teus traços

E teus sentidos.

Em dias de chuva nos encontrávamos no canto da sala, lembras? Ajoelhado no assoalho de madeira eu te lançava nas folhas do calendário findo

Que destacava do mês passado. Nós dois acompanhávamos a virada dos meses ansiosamente para nos encontrarmos. Ah! Lembras da lata de leite?

Mal era consumido e já destacava o papel que cobria a lata para te trazer ao mundo e criar as palavras, os nomes, os números.

Nunca nos apercebemos que eras mais gorda naqueles tempos. Tinhas um formato arredondado talvez pela minha despreocupação com a aparência. Correndo pelos campos de estepes com uma bola de pano eu me divertia marcando gols entre dois paus fincados no fim do campo, próximo às bananeiras.

No único espaço arenoso, lá estava você...marcando os nomes e os números do jogo. Às vezes, disfarçadamente alguém lhe alterava os significados.

Mas nunca ficavas por menos, confundias nossos sentidos, pois aparentava um número e era outro...eras esperta.

Quem se julgava vencedor, era o perdedor e vice-versa. Isto eu trouxe também para o presente. Quando nos julgamos vencedores podemos ser os perdedores e vice-versa. Nunca conseguimos enganar a você por muito tempo.

Depois fomos à escola. Lá era o teu território. Dominavas a tudo e a todos. Mas como nos conhecíamos tão bem, logo entendi porque eu estava ali e porque você sempre esteve comigo. Entendi porque meus pais me apresentaram você tão cedo em minha vida.

De lá para cá, Tu crescestes mais do que eu. Eu sempre dependendo de ti para mostrar ao mundo os meus sentimentos mais profundos, as minhas alegrias

Incontidas, o meu desagrado com as injustiças e com o desamor.

Retratas tudo o que o homem e a natureza fazem ou deixam de fazer. Às vezes és usada indevidamente. Pessoas inescrupulosas tentam te usar e deturpar a verdade. Mas um dia tu retornas e bombasticamente és manchete e tudo volta a normalidade.

Elevas o que temos de maior e melhor: o Sol, o Mar, os Rios, as Águas, a Lua, as Estrelas, o Amor, a Fé, a Esperança, a Vida e Deus.

Delatas o que temos de pior: a falsidade, os nepotismos, a degradação e as vaidades e egoísmos.

Se vivêssemos sem Ti, nossa luta seria te recriar, te buscar onde estiveste, te trazer de volta, como eu fiz hoje, com um novo teclado...te trouxe para junto de mim, novamente...e estas aí, mais bela, esbelta e mais adorável.

Também esta feliz, porque outra vez se proseia, mostrando os teus encantos, os teus talentos...

Na verdade, emocionamo-nos nós dois. Eu falei de ti e você falou de mim....

Robertson
Enviado por Robertson em 03/12/2008
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