Paraíso x Inferno (astral)
Sempre fiquei mais sensível, com uma irritabilidade mais aflorada e mais agitada nas semanas que antecedem a data de meu vitalício.
E isso tem uma explicação: lecionei por 20 anos e é exatamente nessa época que são fechadas as notas, são feitos os conselhos de classe e se tem prazos e cobranças para dar conta.
Há seis anos estou na direção de uma escola, e a cobrança só aumentou na primeira semana de dezembro. Além de ter que me certificar que os professores fecharam as notas, é minha função organizar conselhos, decidir os dias de avaliação final e ainda, dar conta da documentação de fechamento do ano que a Diretoria de Ensino exige. Além de escolher o cardápio de almoço de fim de ano.
Os filhos também estão tensos pois as provas das universidades estão acontecendo. Dezembro já vai chegando com um ar gostoso de Natal. Tudo já enfeitado. Lá na escola fizeram muitos e muitos anjos, armaram uma enorme árvore de natal e a colocaram na minha sala.
A falta de grana tenta tirar o charme e a delicadeza da época, mas os sonhos e planos para o próximo ano insistem em bailar em nossas mentes e corações. E a primeira semana vai correndo assim, com as pessoas pensando em presentes e festas. Gosto desse clima.
Quando nasci (deixa o ano pra lá!) minha mãe conta que era um sábado quente. Ela tinha feito a faxina de casa e tomou um banho, longo e relaxante (daqueles que eu adoro), com aquele barrigão de 9 meses. Não deu outra: 2 da tarde, dei os sinais de minha chegada. Foi o corre-corre de sempre, pois minha mãe tinha essa facilidade para parir. Sorte que a parteira era a vizinha, dona Francisca.
Minha mãe sempre conta que eu era loira, tão loira que os cabelos eram quase brancos. Ela diz que eu era até feia. Mas isso a terapia e algumas intervenções já resolveram... rs.
Parece que o inferno astral vai cedendo espaço ao paraíso das minhas doces lembranças. E como é saboroso me lembrar disso hoje!