Estruturas

Já repararam na gelatina? Sim, num pote de gelatina. Superfície lisa, brilhante, firme. Dá mesmo a impressão de que nada pode penetrá-la. No entanto, ao mais simples toque, vibra, estremece, reage, mostrando toda a sua fragilidade.

Quando a mão empunhando uma colher força essa superfície, ela então se abre, se parte gentilmente e, docilmente, escorrega para a colher oferecendo-se suave e delicada. O menino, manejando a colher, nem percebe direito o que está acontecendo.

Temos a mesma estrutura: a gelatina e eu. O mesmo princípio, a mesma aparência em nossa essência...

Também eu me mostro firme, segura, quase imbatível.

Os que me rodeiam acreditam na minha força e fazem disto um troféu exposto a todo instante e em qualquer situação.

Mal sabem, coitados, que essa superfície eficiente e rija, funcionando como uma couraça, só espera uma distração qualquer para se desmanchar mostrando toda minha fragilidade.

Também eu posso ser suave e delicada, dócil e gentil.

Também eu espero o toque sutil que me fará vibrar, estremecer e reagir...E docilmente me entregar.