NA SALA DE ESPERA

Sala de espera de dentista é sempre a mesma coisa.

Ou tem revistas semanais antiqüíssimas, tipo esta que fala do impeachment do Collor, ou revistas femininas, como se homens não tivessem dores de dente ou finalmente as revistinhas semanais que falam de celebridades do Big Brother, trazem fotos inéditas do último (des)casamento de atores e atrizes em seus troca-trocas de parceiros - era suíngue que se chamava, não? – e dos capítulos das novelas.

Esta, por exemplo, está falando do...

Direito de Nascer, versão Amilton Limonta Fernandes e Guy Loup.

Se lembrou, sua mãe é uma heroína.

No bom sentido.

Nunca ouviu falar?

Brincadeirinha...

É recente.

Fala da Jade, do Clone.

Fiquei pensando.

O que leva as pessoas a assistirem novela é até compreensível.

É uma forma de lazer.

Obsoleta, mas é.

Mundo irreal, ascensões sociais irreais, relações afetivas irreais.

Uma fuga ao dia a dia.

Pior que ler sinopse de novela em revista acho que é escrever a sinopse.

É algo como revelar, premonitoriamente, que o Batman vai vencer a Mulher Gato.

Fazer avaliação perfuncto-aleatória sobre a psicose que atinge o jovem que deseja loucamente a vizinha cinqüentona, desdenhando a lindíssima colega de trabalho que não sai de seu pé.

Revelar que o assassinato será desvendado no último capítulo, ficando a dúvida se a atriz principal caiu ou foi jogada no poço do elevador por seu sexto marido.

E a casa era um sobrado.

Ou que a moça pobre descobrirá que seu pai não era o padeiro simples e bonachão e sim o riquíssimo proprietário da indústria mais rica do local.

Que falirá quando for reconhecida a paternidade, por que pobre, no braziu, só se ferra.

E essa novela retrata a realidade, diz o escrevinhador da sinopse.

Qual era a novela?

Sei lá...

Alguém rasgou a página anterior.

Acho que para roubar as palavras cruzadas da página anterior.

Ai! Que alívio.

Bom dia, doutor!

Pode ser sem mais anestesia?

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 02/12/2008
Reeditado em 03/12/2008
Código do texto: T1314571
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