A Cerimônia da Tenda
“Fogo da purificação
Vapor das Pedras Sagradas
Cordões de preces e tabacos
Fundem –se canções do espírito”
Não sei de quem são os versos acima, mas como eles abrem o capítulo Tenda do Suor do livro O Caminho das Cartas Sagradas de Jamie Sams deduzo que sejam dela. Ou fazem parte de uma tradição dos índios norte-americanos da Nação Seneca. Jamie Sams é uma escritora norte-americana nascida na cidade de Wacco, no Texas. É professora na Tenda Escolar do Clã do Lobo, dessa nação. Pouco sei sobre ela embora tenha procurado no Google. A informação mais consistente que tive é que desde pequena foi objeto de estudo de várias universidades por causa de sua paranormalidade.
A Tenda do Suor é uma cerimônia de purificação do corpo, da mente e do espírito com o objetivo de trazer para a nossa vida um novo sentido de Ser. As informações que vou dar aqui eu obtive pela leitura desse capítulo do livro de Jamie e servem de introdução para que eu relate a minha experiência em uma Tenda do Suor, experiência que vivi a poucos dias na Pousada da Toca, em Carrancas, MG. Para que eu relate e compreenda melhor.
É uma cerimônia dos índios norte-americanos e é realizada com o objetivo de ativar o espírito adormecido pelas experiências da vida física. Essas experiências às vezes se descontrolam e o homem se torna um ser bipartido. É preciso transformá-lo em um ser UNO. As regras para se montar uma Tenda do Suor são várias e específicas e embora seja bom conhecê-las, não é necessário. Aqui apenas vou contar a minha história e como eu fui parar em uma Tenda semelhante a esta.
Algumas pessoas que eu conheço já haviam participado dessa cerimônia. Quando Val me convidou e disse que minha amiga Pilar e o marido participariam outra vez eu resolvi aceitar. Fiz isso também para acompanhar minha amiga Eugênia que senti, estava precisando de novos ares.
Bem, fomos para a Toca em uma sexta-feira à tarde. No sábado, depois do almoço, nossa Tenda começou a ser montada. Eu não participei da montagem, quem fez isso foram principalmente os homens. Cada um de nós levou um cobertor barato, conhecido como de São Vicente, para a montagem da Tenda. Quando no começo da noite fui até lá, já estava praticamente pronta.
A Tenda é uma estrutura circular construída com bambus e recoberta pelos cobertores que havíamos levado. Para proteger os cobertores que depois seriam doados para uma instituição de caridade, um plástico escuro. Uma entrada bem baixa nos levaria ao interior da construção. Só é possível entrar ali de joelhos. Uma reverência. No meio da Tenda havia sido cavado um buraco onde seriam colocadas as pedras incandescentes que a aqueceriam. Uma fogueira for armada em frente à Tenda e nela colocadas as pedras que seriam usadas. Enquanto as pedras se aqueciam voltamos para nossos alojamentos. Já era quase meia-noite quando a cerimônia começou.
Não, eu não vou narrar a cerimônia. É uma experiência única e não é justo para quem um dia vier a participar. Mas entramos um por um na Tenda e ali nos alojamos circularmente. Duas fileiras de pessoas assentadas. Quando a porta se fechou ficamos ali, no escuro mais profundo que já vivi, escuridão só quebrada pelo brilho das pedras incandescentes que eu não via, porque estava na fileira dos fundos. Ali dançamos a vida, em quatro momentos. No primeiro momento o objetivo era para alcançar as metas práticas e materiais da vida. ( Corpo Físico) O segundo momento visava despertar a consciência.( Corpo Espiritual) O terceiro, o auto-conhecimento (Corpo Mental) e o quarto, nossa contribuição e participação no mundo ( Corpo Emocional). Após cada momento a porta era aberta para que o vapor saísse e fosse levado para o espaço. Após o terceiro momento tivemos uma pausa para um banho gelado na cachoeira. O mesmo aconteceu no final.
Quando saímos da Tenda a aurora trazia novas cores para o céu. Saímos felizes, nos rostos uma expressão de paz e esperança. Fomos tomar o nosso café da manhã e voltamos aos nossos alojamentos para um banho e depois dormir. O encontro fluiu pela tarde de domingo. Muitas histórias. para contar para o resto da vida.A avaliação da experiência ocorrerá ao longo dos tempos. O que ficou impresso em minha essência só será realmente percebido mais tarde.
Mas, algumas coisas pude observar de imediato: a- acabou completamente meu estranhamento com a terra. Eu raramente ponho os pés no chão e ali eu praticamente me enlameei. Uma lama preta que custou um bocado para sair. b- Também não mais tenho medo de água fria. A sensação de sair de uma tenda onde o suor pinga de seu corpo e levar um jato de água gelada no corpo é maravilhosa. C- Se tiver oportunidade eu volto.
E concluindo: para mim não foi uma questão de fé, nem de razão. Não creio, nem descreio. Para mim o que valeu mesmo foi à sensação de completude que eu tive. Saí dali me sentindo inteira, em comunhão com o Universo. Logo, em comunhão comigo mesmo e com Deus.