MENTECAPTO
Era o desejo que saía de seus lábios... Um desejo incontrolável de gritar ao espaço, dizer do quanto viveu prisioneiro de si mesmo. Falar abertamente consigo mesmo; e com o mundo ao seu redor: agora estou e sou livre!!! E a liberdade brotava de todos os seus poros... De todos os seus sentimentos... E tudo isso através da palavra. Palavra há muito guardada de seu próprio poder persuasivo.
Caminha com passos firmes, mas um tanto quanto displicente. Observava os últimos transeuntes que trafegavam pela madrugada com naturalidade e desdém... Nada o atingia nesse momento; ele em seu “alto – dialogo” perscrutava-os indolentemente com o olhar de quem está acima da situação que o momento apresenta.
___ Quem aqui agora, nesse momento de penumbra e lucidez poderia dizer-me quem sou???Ninguém! E sabem por que não??? Porque não conhecem nem a si mesmo!!!Perdidos em vazias elucubrações acerca do viver em meio e ao meio da nova sociedade de consumo vigente!!! ___Não podem!... ___Vocês são os párias desse decadente Shopping Center Humano!!! ___Sim!!!___Vendem-se ao vil metal com tamanha desfaçatez, que não tem discernimento no que tange á ética e moral... ___Hipócritas!!! ___Não vêem que com esse procedimento estão contaminando á juventude com o neoliberalismo do pode-se tudo???___Imbecis...
Saiu vagarosamente... Olhando cheio de orgulho para àquelas pessoas que, atônitas, riam de sua figura exótica á discursar enquanto caminhava sob a penumbra das arvores que dividiam á alameda. Um louco!Disse alguém. Mas ele sabia que os tinha vencidos... Agora falaria tudo o que lhe viesse à mente. Não tinha mais a velha pretensão de agradar ninguém... Não mais suportaria pessoas intragáveis que, tinha com ele apenas uma relação de interesse. Sabia perfeitamente que o dinheiro de sua família era o grande agregador dessa medíocre malta a lhe cercear...
Riu da cena que acabara de protagonizar. Nunca mais teria que ser agradável... Um gentleman com pessoas por quem agora nutria grande desprezo. Sabia que isso iria escandalizar seus familiares, mas eles nem imaginavam o bem que isso fez em seu interior. Sentia-se agora um homem livre das amarras superficiais da medíocre sociedade contemporânea... Uma sociedade apodrecida em valores... Perdida em toda extensão de hombridade. Sem rumo e sem perspectiva. Uma sociedade natimorta...
LEILSON LEÃO