O suburbano e algumas de suas facetas
O suburbano e algumas de suas facetas
Tiago Caldeira
Morando ainda com os pais, sem ter namorada. Carente de carinho e afeto. Acordando todos os dias pela madrugada para trabalhar. Estas são algumas das facetas da vida de Johnny. Um jovem de 22 (vinte e dois) anos. Em um dia de plena rotina, ao sair do trabalho encontrou um eis professor de filosofia com quem foi falar, na conversa o professor perguntou: - Como vai Johnny? Como estão suas facetas?
- Vai à busca incessante por um status melhor...
- Melhor em que sentido?
- Ah! Em vários sentidos. Como a inserção em um melhor emprego; e conseqüentemente uma boa remuneração. Onde eu possa viver e andar com minhas próprias pernas.
- Boa colocação! Dois anos passam muito rápido, não é?!
-Sim os tempos parecem estar abreviados-
Os dois olhando fixos face a face. Quando o professor pegou no ombro de Johnny e falou:
- Tenha norteamento, métodos e, sobretudo, paciência. Você vai conseguir! E como está às experiências intimas afetiva?!
- Oh! Deus te ouça, professor. Pois tudo que tenho, é o amor de minha mãe. Não tenho carro, vou a pé, de carona ou de ônibus. “No coletivo a moça já não quer dividir espaço comigo, mas, às vezes o mp3, um livro, diz coisas melhores”. Quanto às experiências intimas afetiva: “agora parece que estou sendo aceito”. Opa! Desculpa, estou sendo tolerado. A minha ultima namorada parecia fingir gostar de mim. Talvez por sofrer de ansiedade...
- Como vai, no trabalho? Perguntou o professor gostando da pauta mantida com o jovem.
- Vou bem, agora passei a ganhar mais- mais responsabilidade- dinheiro mesmo só nos sonhos.
- Gostei de seus argumentos sinceros, seu reconhecimento da realidade. Que em linhas gerais se tornam sustentáculos para uma busca de dias melhores. Vejo que você não está somente reclamando, mas também batalhando. Como percebi sua capacidade dentro do nosso diálogo.
Os dois se despedem como velhos confidentes. Sempre procurando colocar as questões que nos cercam no seio de suas conversas fugindo do acrítico.
(Tiago Caldeira da Silva)