CRÔNICA DE DOMNGO... 
                             Ou Uma  Conversa Sobre Saudade... 

 


           Hoje acordei com uma saudade imensa de você, não era saudade provocada apenas pela ausência, afinal você não está tão distante, e mesmo quando está sei que permaneces aqui comigo, presente em cada recanto de meu ser – nas tatuagens de carinho esculpidas em minha alma, nas fotos guardadas carinhosamente, ou expostas em porta-retratos, nas frases de amor ditas no silêncio do olhar ou no calor da entrega, nas cartas de amor unidas por uma fita vermelha e armazenadas em uma caixa de presente. 

         A saudade que senti hoje é aquela que alimenta a fome de viver intensamente cada minuto de nossas vidas. A fome que quer ser alimentada não apenas de presença, mas de cumplicidade, entrega, companheirismo. Talvez por hoje ser domingo e você precisar sair, por ser o dia de descanso e você precisar trabalhar, por ser o dia de curtir a família e eu ter que ficar aqui sem poder sentir seu perfume, seu gosto, seu carinho.

         Percebi que sinto vários tipos de saudades e esta é a saudade de domingo, uma saudade que é fome. Fome de sua presença. Fome de você. Esta é também a mais doída, porque sei que não posso fazer nada para mudar. Temos que esperar o dia passar, arrastar-se, para finalmente alimentar-me de sua presença. Alguém deveria proibir trabalho aos domingos.

         Esta saudade, sempre esteve presente em nossa vida, sei que preciso aprender a conviver com ela, mas não consigo fazer parar de sangrar a minha alma que não entende de despedidas nem de separações, que quer alimentar-se de presença e não entende das coisas práticas da vida. Por isso, enquanto o dia brinca de passar lentamente busco você em minhas lembranças e engano meu coração com sua presença espiritual.

         Deixo-me possuir por tudo que você plantou em mim. E sou agradecida aos deuses da vida e do amor que colocaram você em meu caminho. Penso em nós dois e sinto-me invadida pela certeza de seu carinho, respeito e admiração. Sinto orgulho de ser sua companheira, de dividir minha vida com alguém que faz poesia de coisas concretas, enquanto eu uso palavras para expressar meus sentimentos, que fala de amor em ações e mostra-se grande toda vez que a vida pede seu testemunho.

         Hoje a saudade de domingo é mais forte, porque além de você, Saulo também não está aqui. 


*Omar, Saulo e Eu em sua formatura do Ensino Médio.
               
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 30/11/2008
Reeditado em 21/11/2009
Código do texto: T1311125
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