DÓI UM POUQUINHO ATÉ HOJE

DÓI UM POUQUINHO ATÉ HOJE

Marília L. Paixão

Acordei com uns barulhos de pequenos estouros. O sol da manhã invadia a inteira cozinha. Assustando-me como a morte assustaria, Dagger pulou na vidraça da janela. Resolvi não começar a manhã brigando e apenas abri a porta. Lá na porta ele parecia um menino comportadinho.

- Entre.

- Eu vim cedo por causa da história.

- Que história?!

- Você não falou com a Brigeth que ia fazer uma história comigo?

- Falar eu falei sim...

- Falou que ia fazer até antes de meia-noite de ontem.

- Nem tudo que falamos fazemos ao pé da letra, Dagger.

- Que nem agradecer ao Sérgio Lisboa pela dedicatória no livro dele que você não agradeceu até hoje?!

- Tem coisas que parecem impossíveis de agradecer a altura, Dagger...

- Quer que eu agradeça para você?!

- Tem coisas que é a gente mesmo é que tem que fazer... Mas se bem... Que contar com sua ajuda faria o agradecimento ficar mais especial ainda.

- Diga-me como fazer, que eu faço!

- E o que você faria?!

- O que você quiser, a história é sua. Eu apenas pulo né?!

- Não, Dagger, você não apenas pula, você melhora toda minha alma impura.

Quando Dagger começa a sorrir colorindo o ar com uma timidez que está próxima a sair pulando devagarzinho mata a fora eu me emociono mais que uma nuvenzinha quando chora. Mas tem coisas que a gente não precisa dizer né?!

- Ontem eu não entendi aquela história das latinhas de shopp.

- Era uma história de agradecimento, Dagger

- Mas os santos não iam gostar daquela história de Brahma, iam?

- Mas eu não escrevo para os santos, Dagger... rs...rs... é mais fácil eu escrever para os domadores de pecados... que para os santos sem pecados ...rs...rs...

- Mas eu não vou precisar tomar Brahma, vou?!

- Claro que não! Hoje nem eu quero! Hoje eu tenho muito trabalho e pouco tempo para lazer. Hoje eu queria poder sair por ai tomando sol com você.

- De maiô ou de biquíni?

- Nenhum dos dois. Eu quis dizer fazer uma caminhada.

- Nas ruas em que a Mônica Mello passa?

Os olhos negros de Dagger cresceram e ficaram mais lindos.

- Bem que eu gostaria Dagger.

- Então é nos lugares onde a Brigeth fotografa portas?!

- Também gostaria Dagger!

- Não é naquela rua em que eu fiquei distribuindo santinhos para a Zélia, é?!

- Não, não é! Mas por quê? Não gostou daquela sua missão? Por sua causa ela ganhou a eleição!

- Gostar eu gostei... mas o meu braço dói um pouquinho até hoje. Naquela rua tinha uns prédios em que eu tinha que pular alto demais. Às vezes caia uns santinhos no chão e eu voltava e catava. Pulava e pulava... Não foi uma fácil jornada.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 30/11/2008
Código do texto: T1311055
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