BALADA PARA UM DEUS PAGÃO
Eis que o inevitável precedeu os acontecimentos com a fúria trovejante que só a bebida, a música & o sexo são capazes de fazer. E lá para as bandas da Praia de Antigos - segundo a lenda, um Éden a ser circularmente redescoberto - o Cara que foi expulso do projeto de metrópole com seus versos infames, desabafa com um velho pescador & mais tarde perde-se em devaneios viajando numa borboleta meio azul, meio violeta & amarela que pousou em seu pé & ele na verdade não está tão preocupado com o tipo de carne que vai comer, o que realmente faz a diferença é saber usar de maneira correta a barraca & entornar vinho o suficiente para não ir contar carneiros mais cedo que o habitual. Um Outro, conquistador barato por natureza, metido a surfista de ondas de meio metro, diz a uma pequena & atenta platéia que já não é mais o mesmo: conheceu uma bailarina linda de morrer, se engraçou por uma atriz & entrou bem ao descobrir que a gula é um pequeno pecado insustentável. Do outro lado, o Drácula freudiano troca uma idéia com as nuvens que antecedem o breu, fuma de leve um cigarrinho de palha, que ninguém é de ferro & se prepara pra tocar violão, sentado como todos os outros conselheiros da Grã Ordem do Verbo, ao redor da fogueira enquanto um outro sassarica a poupinha da morena fogosa, que dizem, não tem dono, só aplausos no palco. Amor é mera utopia gritava o fulano da iglu mais distante enquanto transava a palavra com uma polaca de parar trânsito & como ali isso era improvável, ela acabou mesmo é parando naquele velho papo de que a vida é curta & um dia a terra come, etc..., enquanto mais uns dois ou três preparavam com afinco a cerimônia xamaísta.
Wallace Puosso
LEIA MAIS SOBRE O AUTOR:
http://celebreiros.zip.net