CAUTELA E CALDO DE GALINHA (Prof. João Osmar)
Ouvi, já há algum tempo, um diálogo de dois adolescentes que me deixou curioso:
- Vai chover. É bom porque esfriará um pouco; o calor está de rachar!, afirmou o rapazinho, que aparentava uns dezesseis anos.
- Pior!, completou a sua interlocutora, uma lourinha com espinhas no rosto.
- Pensei com os meus botões: “o termo pior foi mencionado para dar razão ao colega; ela havia concordado com o que dissera o garoto”.
Sinal dos tempos modernos; foi utilizado o adjetivo pior, de sentido negativo, a algo de significado positivo, no entender de ambos.
A curiosa linguagem juvenil já contaminou as pessoas de todas as faixas etárias.
Então...
- Sil, minha filha, pegue essa caneta aí na mesa. Vou copiar a receita de um doce que parece ser uma delícia. Vou fazê-lo ainda hoje. E tome nos ouvidos: Cris, Lê, Lu, Ju, Jô, Du, este último uma abreviação maior do já curtíssimo Edu, o qual provém do curto Eduardo. Jô pode referir-se a João, José, Jonas, Jonival, Josimar, etecétera, etecétera.
É tendência do brasileiro reduzir os nomes e expressões, motivo para uma análise mais aprofundada. Facilidade, objetividade, comodismo? Concluam vocês, leitores.
O antiqüíssimo “vosmecê” deu origem a “você” e, nos tempos atuais, já passou para “ocê” e, por último, “cê”.
Mas é bom ter cuidado para não dar origem a um horrível cacófato: “Lu, vá ca Gá no shopping! (traduzindo: Luciana, vá com a Gabriela ao shopping!)
Portanto, adaptar-se à linguagem popular do dia-a-dia é um aspecto inevitável, pois vivemos de acordo com as circunstâncias. Porém, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.