Ciao, Luigi, ciao
Música Italiana hoje é raridade. Exceto em alguma novela que evoca os tempos da imigração, quando os gens de muitos de nós vieram nos navios repletos de esperança e disposição. Não se ouve nem mesmo os contemporâneos Andrea Bocelli, Lucio Dalla ou a quase Brasileira Laura Pausini. Estamos perdendo muito.
Mas houve outro tempo: Gianni Morandi, Nico Fidenco, Nicola di Bari, Pepino di Capri, Salvatore Adamo, Bobby Solo, Gigliola Cinquetti, Jimmy Fontana, Domenico Modugno, Rita Pavone dividiam o espaço musical Brasileiro com os nossos e, sem exagero, era quase 50/50.
O festival de San Remo era um acontecimento também aquí, especialmente quando Roberto Carlos ganhou com “Canzone per te” de Sergio Endrigo. Ajudou a criar a ponte entre o roqueiro inconseqüente e rebelde que mandava tudo pro inferno e o cantor de nível internacional. Alguns podem até torcer o nariz, mas a minha e muitas esposas de hoje em dia ainda têm dificuldade de conter suas “Emoções”, adoram saber “Detalhes” e rezam junto “Nossa Senhora”. Alguns maridos não chegam a ter os mesmos impulsos, apreciam com moderação enquanto dizem que é prá não contrariar a patroa, sacumé?
Mas eu falava do festival aquele. Num deles essa música era considerada uma das favoritas:
"Ciao, amore, ciao"
La solita strada, bianca come il sale, il grano da crescere, i campi da arare
A estrada solitária branca como o sal, o grão para crescer, os campos para arar.
Guardare ogni giorno se piove o c'è il sole, per saper se domani si vive o si muore
Olhar cada dia se chove ou faz sol, para saber se amanhã se vive ou se morre.
E un bel giorno dire basta e andare via
E um belo dia dizer basta ... e ir embora.
Ciao amore, Ciao amore, ciao amore ciao
Andare via lontano a cercare un altro mondo, dire adio al cortile, andarsene sognando.
Ir embora prá bem longe ,buscar um outro mundo, dizer adeus ao abrigo e ir embora sonhando.
E poi mille strade grigie come il fumo in un mondo di luci sentirsi nessuno.
E depois mil estradas, cinzentas como fumaça num mundo de luzes, sentir-se ninguém.
Saltare cent'anni in un giorno solo dai carri dei campi agli aeri nel cielo
Saltar cem anos num só dia, dos tratores nos campos aos aviões no céu.
E non capirci niente a aver voglia di tornare da te
E não entender nada e ter vontade de voltar para ti.
Non saper fare niente in un mondo che sa tutto . E non avere un soldo nemmemo per tornare.
Não saber fazer nada, num mundo que já sabe de tudo. E não ter dinheiro nem mesmo para voltar.
Ciao amore, ciao amore, ciao amore ciao
Música Italiana hoje é raridade. Exceto em alguma novela que evoca os tempos da imigração, quando os gens de muitos de nós vieram nos navios repletos de esperança e disposição. Não se ouve nem mesmo os contemporâneos Andrea Bocelli, Lucio Dalla ou a quase Brasileira Laura Pausini. Estamos perdendo muito.
Mas houve outro tempo: Gianni Morandi, Nico Fidenco, Nicola di Bari, Pepino di Capri, Salvatore Adamo, Bobby Solo, Gigliola Cinquetti, Jimmy Fontana, Domenico Modugno, Rita Pavone dividiam o espaço musical Brasileiro com os nossos e, sem exagero, era quase 50/50.
O festival de San Remo era um acontecimento também aquí, especialmente quando Roberto Carlos ganhou com “Canzone per te” de Sergio Endrigo. Ajudou a criar a ponte entre o roqueiro inconseqüente e rebelde que mandava tudo pro inferno e o cantor de nível internacional. Alguns podem até torcer o nariz, mas a minha e muitas esposas de hoje em dia ainda têm dificuldade de conter suas “Emoções”, adoram saber “Detalhes” e rezam junto “Nossa Senhora”. Alguns maridos não chegam a ter os mesmos impulsos, apreciam com moderação enquanto dizem que é prá não contrariar a patroa, sacumé?
Mas eu falava do festival aquele. Num deles essa música era considerada uma das favoritas:
"Ciao, amore, ciao"
La solita strada, bianca come il sale, il grano da crescere, i campi da arare
A estrada solitária branca como o sal, o grão para crescer, os campos para arar.
Guardare ogni giorno se piove o c'è il sole, per saper se domani si vive o si muore
Olhar cada dia se chove ou faz sol, para saber se amanhã se vive ou se morre.
E un bel giorno dire basta e andare via
E um belo dia dizer basta ... e ir embora.
Ciao amore, Ciao amore, ciao amore ciao
Andare via lontano a cercare un altro mondo, dire adio al cortile, andarsene sognando.
Ir embora prá bem longe ,buscar um outro mundo, dizer adeus ao abrigo e ir embora sonhando.
E poi mille strade grigie come il fumo in un mondo di luci sentirsi nessuno.
E depois mil estradas, cinzentas como fumaça num mundo de luzes, sentir-se ninguém.
Saltare cent'anni in un giorno solo dai carri dei campi agli aeri nel cielo
Saltar cem anos num só dia, dos tratores nos campos aos aviões no céu.
E non capirci niente a aver voglia di tornare da te
E não entender nada e ter vontade de voltar para ti.
Non saper fare niente in un mondo che sa tutto . E non avere un soldo nemmemo per tornare.
Não saber fazer nada, num mundo que já sabe de tudo. E não ter dinheiro nem mesmo para voltar.
Ciao amore, ciao amore, ciao amore ciao
Mas o ciao camponês de Luigi Tenco, então um jovem de 29 anos teve o som definitivo de adeus. Ao saber que sua música fora desclassificada fez o protesto extremo e saiu do palco e da vida para entrar na história...