ALINHAVANDO SENTIMENTOS!

 

Sento-me aqui e não me ocorre o que escrever. Levanto-me e não tenho vontade de sair. Pego uma caneca encho de café, quente e forte, tentando soerguer-me da lentidão de meu raciocínio. Se eu fumasse, com certeza, acenderia um, agora. Talvez dois... três.

 

- Não, não é isso também! Vou até a janela, olho a rua – carros passando, pessoas caminhando... Um casal discute na esquina. Excesso ou ausência de amor? Quem é que sabe... Não consigo detectar os motivos de minha ausência. Carência...Intolerância... Inconseqüência. Só sei que estou vazia. Vazia de sentimentos, de amor, vazia de mim!

 

Vou assaltar a geladeira! Não posso, estou tentando fazer regime. Minha sobrinha Vic – Nutricionista de Ivete Sangalo – diz que o que engorda mesmo é comer. Fácil assim! Concordo. Então, vou tomar água para ver se a fome passa. Ou será ansiedade...

 

Volto para as teclas frias, testemunhas de minha indecisão. Não me identifico comigo mesma, nesse momento. Se estou mais para a filosofia existencialista, extremamente voltada para o engajamento político e social de Jean-Paul Sartre, ou para a ousadia e determinação de Simone Du Beauvoir e seu imenso desejo de conquistar o mundo, através do tempo e do espaço. Acho que compactuo com a sua audaciosa atração pelo espetáculo da vida humana, com seus dramas, comédias e encantos.

 

Um dia uma amiga (ex-amiga) me disse que eu era muito boazinha e que os “bonzinhos” geralmente são confundidos com os falsos e sem caráter. E, vamos combinar que eu nunca convivi com alguém tão sem caráter, inflexível e infeliz, do que essa pobre personagem!

 

Não que ela tenha razão – longe disso – mas se eu cortar as duas linhas de pensamento pela metade – o ser “boazinha” e o ser “peste” - acho que daria certo equilíbrio. Nunca tive talento para ser vilã, embora saiba que os vilões são sempre os favoritos das novelas – e da vida real, também!

 

Não estou nem um pouco preocupada com o que os outros pensem de mim. Angustia-me apenas o fato de que talvez se leve toda uma vida em busca do imponderável, enquanto o trivial está ao nosso lado e o menosprezamos, por falta de bom senso.

 

A nossa insistência na busca pelo impossível talvez nos desgaste tanto que não tenhamos condições emocionais e psíquicas para vivenciarmos o possível, que nos levaria a vôos mais altos e conscientes! O suficiente para ser feliz!