CRÔNICAS DE GRAÇA: O Teatro
21\11\08
Nesta última sexta feira, dia 21 de novembro, tive o prazer de visitar pela primeira vez o teatro municipal, batizado de Sala Miguel Mônico. O motivo de minha visita ao teatro foi assistir à apresentação de uma companhia de danças folclóricas da Bielo-Rússia, e confesso que tive as mais variadas impressões naquela noite.
A começar pelo espaço físico do teatro, cuja construção há vários anos acompanho e espero ansiosamente. Todo o espaço dá a impressão de ter sido cuidadosamente planejado, com decoração sóbria e de muito bom gosto, além de poltronas confortáveis e muito agradáveis.
Sem qualquer sombra de dúvida é um espaço digno de uma cidade como Garça, e certamente cumprirá sua função de promover a cultura em nossa cidade. Mas sobre isso falaremos um pouco mais à frente...
Quanto à apresentação dos bailarinos, não consigo encontrar nem mesmo um erro, uma crítica para fazer. A agilidade dos russos contrastando em perfeita harmonia com a leveza das russas, as coreografias muito bem elaboradas e o figurino cheio de cores, que abrangeu temas que iam desde a Idade Média até os anos 30, passando por camponeses e ciganos voadores.
A companhia de danças da Bielo-Rússia certamente mostrou a que veio e arrancou aplausos calorosos e diversos gritos de “Bravo” e “Bravíssimo” de uma platéia por vezes extasiada, especialmente quando os bailarinos executaram a tradicional dança russa, na qual os homens dançam sobre os tornozelos.
Mas algo me tirou a tranqüilidade durante os números perfeitos que estavam sendo apresentados no palco. Olhando ao redor, porém, entendi o problema: somente pouco mais da metade dos lugares do teatro estavam ocupados. Via-se na seleta platéia personalidades da nossa cidade, distintas senhoras, políticos, mas pouquíssimos estudantes, universitários, jovens.
Certamente não serei aqui utópico a ponto de imaginar que uma visita ao teatro é o programa preferido da grande maioria, mas não se pode negar que em face dos investimentos realizados tanto na construção do belo teatro como na contratação de uma companhia de danças européia, o mínimo aceitável é que a apresentação possa atingir diversas camadas da nossa sociedade.
Estudantes, comerciários, universitários, secretárias. Eu poderia gastar aqui todo meu espaço e não seria suficiente para listar todas as pessoas que não tiveram acesso à perfeita apresentação do balé russo. Mas qual seria então o motivo destas pessoas não terem acesso, alguns poderiam perguntar. E aqui vai minha resposta:
Um ingresso a R$20,00 não é o que se pode chamar de incentivo à cultura. Não em nossa cidade.
Assim, deixo aqui meus cumprimentos aos responsáveis pela construção e manutenção do espaço físico do teatro, bem como aos que trouxeram uma apresentação tão rica culturalmente falando.
Mas deixo minha crítica à política de preços praticada. Não seria melhor fazer de Garça um ponto de referência não só quando se trata de indústrias eletrônicas, mas também quando o assunto é cultura?