Coração real apaixonado pelo um perfil virtual
Coração real apaixonado pelo um perfil virtual
Tiago Caldeira
Madrugada de primavera, quando estou trancado em meu quarto posto em frente de uma parafernália conhecida por muitos como PC (computador pessoal). Um perfil, que encontrei mesclado em meio de um aparato chamado internet; tornou a minha motivação.
Algumas afirmações que pode dizer sobre a sua personalidade estão lá postadas em uma página de relacionamento. E como se não fosse suficiente. Está lá uma foto de perfil com lindos adjetivos, ou se você preferir, características: pele clara, aparentemente macia; cabelos lisos caídos sobre o rosto, que brilha com seus olhos castanhos, atento para o foco (momento em que a foto foi tirada).
Situações que remetem um tempo não mais presente. Mas sim um passado de algum “click”. Ah! Não tem problema o contato foi estabelecido. Contato?... Eu com algumas virtudes tentando aproximação, com quem não conheço fisicamente. Como posso abraçá-la, beijá-la ou simplesmente estar junto?! Hoje, ostentar páginas cheias de fotos e comentários, feitos por simulação ou emulação gráfica, se tornou um modismo. Sem desgrudar do teclado eu me pergunto: - Cadê uma voz que pode soar bem próximo dos meus tímpanos?
Estar distante fisicamente, e próximo pelos mistérios da tecnologia são os “hobbies” do jovem moderno. Entrar em uma página desconhecida e fazer um comentário é simples. O difícil é ganhar atenção de quem está do outro lado da rede. Mensagens vão; mensagens vêm nesse universo paralelo, que me rouba horas e horas na busca de um amor... Amor?... O “extra-orbitante” é apaixonar por um perfil digital que foi processado em sistemas e emulações gráficas. Será que cometi uma fuga do real para o abstrato?! Sou mais um (ou somente um) coração real apaixonado pelo um perfil virtual!
(Tiago Caldeira da Silva)