O CORTE

Quando recebi a notícia meu coração ficou acelerado. Uma súbita taquicardia o visitou...

Não havia saída! Estava tudo acabado!

Deparar-se com a impossibilidade da vida, dos projetos, dos sonhos que ainda estavam sendo alimentados, era de fato algo com que ninguém contava... Muito menos eu!

Enfim, meu lado prático falou mais alto! Vesti rapidamente a “armadura” da razão e dediquei-me a fazer o que precisava ou podia ser feito dali pra frente.

Tu não merecias sofrer e para evitar isso eu faria qualquer coisa!

Por dias seguidos me desloquei pacientemente até onde tu estavas para segurar tua mão por curtos 15 minutos a cada visita. Nesses momentos falava contigo.

Mesmo que parecesse que não me ouvias, eu sabia que assim se dava! Sabia também que devias estar preocupado comigo, como sempre fora em todos aqueles anos em que estivemos juntos compartilhando a vida, por isso era necessário tranqüilizar-te à este respeito.

E assim, a cada dia eu te dizia da minha força em continuar, da tua ajuda em tornar-me assim e da tua necessidade de confiar nela e seguir a tua estrada. Precisavas acreditar que eu ficaria bem!

Mas ao retornar para a solidão do nosso lar eu me despia daquela máscara e desmoronava, chorando minhas lágrimas pela ausência que se anunciava...

Então finalmente tu acreditaste em mim e partiste...

Escolheste um dia importante para seguires viagem, como se quisesses comemorar sempre comigo um novo ciclo... Por isso, quando olho para o céu e vejo aquele espetáculo de som e luz tão comum nos dias de Ano Novo eu penso que tu estás bem e que me falas ainda através dele!

Meu coração se enternece e eu me sinto grata por entender que até na hora da partida tu tentaste me dizer o quanto me amavas!

E foi assim que conseguiste que ano após ano minhas saudades fossem se tornando menos amargas...

Cristale
Enviado por Cristale em 20/11/2008
Reeditado em 19/03/2013
Código do texto: T1293928
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