Saudades da Minha Terra!

Ah, que saudades da minha Terra!
Lembro-me que bem jovem, eu a desbravei... E como a desbravei!
Fui eu quem a abraçou primeiro, desvirginando-lhe o seio da serra;
Conheci suas matas, rios e florestas...
Descobri os segredos que me foram contados aos sussurros por suas cachoeiras.
Seus caminhos, eu quem abriu.
Suas estradas, eu quem nomeou.
Seus monstros e inimigos, eu quem baniu.
Suas pedras e cacos, eu quem ajuntou.

Ah, que saudades da minha Terra!
Ausentei-me, e não a encontrei como deixei!
Bandeirantes, Piratas... Salteadores a circundam e por ela circulam;
Querem suas delícias... O seu néctar... O seu mel...
Desejam beber do seu frescor... Usufruir do seu calor...
Escalam seus montes... Penetram seus vales e desbaratam suas matas...
Depredam seus trigais, devorando-lhe como animais.

Ah, que saudades da minha Terra!
Sou visto agora como estrangeiro... Um sem teto!
Não consigo mais fincar estacas,
Porque outros registraram-na... Puseram nela, seus selos e carimbos.
Não consigo reavê-la, porque agora pertence a outro.
Outro que, sem qualquer merecimento ou esforço, tem-na por alegre e satisfeita.
Suas frechas urram e clamam,
Suas frestas chamam seu dono... O seu homem.
Em seus vales, ou nos rios, ou nas cachoeiras,
Ou em suas pequenas cascatas,
Está registrado apenas um nome... Do lobo...
Do Pequeno Lobo.

Ah, que saudades da minha Terra!
Quero de volta a minha Terra!
Vou tomar-te de assalto, minha Terra!
Eu e a minha Terra, de novo...
Eu... O Pequeno Lobo.





07/05/2005
PaPeL
Enviado por PaPeL em 19/11/2008
Reeditado em 03/01/2009
Código do texto: T1291491
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